Codificação de velocidade no hipocampo dorsal
hipocampo, navegação espacial, CA1, codificação neuronal, células de velocidade, células de lugar, integração de caminhos, codificação por taxa, teta
Edward Tolman postulou a existência de mapas cognitivos no cérebro para explicar a capacidade animal de navegar no espaço. Desde então, as neurociências buscam descrever componentes cerebrais promotores desta capacidade. No presente trabalho, apresento avanços na caracterização de uma sub-população neuronal engajada na codificação da velocidade escalar do corpo de ratos. Ao analisar um banco de dados aberto, redescobri a existência do código de velocidade presente na taxa de emissão de potenciais de ação dos neurônios do hipocampo dorsal. Demonstrei que esse código independe da frequência de oscilação teta (4-12 Hz), que ele é estável ao longo do espaço e do tempo, e que é persistente a diferentes contextos. Classifiquei os neurônios entre excitatórios e inibitórios a partir do formato da onda dos potencias de ação, da taxa de emissão de potenciais de ação, e da interdependência temporal da emissão dos potenciais de ação entre pares de neurônios. Esta classificação revelou que, ao usar a correlação de Pearson como métrica de codificação, na arena quadrada apenas os neurônios inibitórios codificam a velocidade, embora haja uma modulação na média da atividade dos excitatórios. Intrigantemente, ao verificar a codificação na arena linear, a correlação de Pearson tornou indistinguíveis as taxas de codificação entre as duas classes de neurônios. Então, formulei uma hipótese que a aparente codificação da velocidade pelos neurônios piramidais na arena linear seria espúria, subproduto da codificação do espaço. Simulei neurônios artificiais que emitem potenciais de ação influenciados pelo comportamento real do animal; nas simulações os neurônios possuíam codificação ou de velocidade ou de espaço. As simulações replicaram os dados reais, isto é, a correlação de Pearson detectou o código de velocidade nas células influenciadas por velocidade nas duas arenas, mas para as células influenciadas pelo espaço apenas na arena linear. As simulações replicaram os dados reais de forma que a correlação de Pearson classificou as células de velocidade como tais nas duas arenas e as células espaciais apenas na arena linear. Para resolver esta interdependência etológica, adotei um modelo linear-não-linear e o aumento da verossimilhança logarítmica a um modelo de média fixa como medida de codificação. Esta análise confirmou a prevalência do código de velocidade nos interneurônios, bem como a hipótese da codificação espúria. Os resultados do presente trabalho demonstram que um código de velocidade está presente no hipocampo dorsal na atividade de neurônios inibitórios.