Banca de QUALIFICAÇÃO: JULIANA ALVES BRANDAO MEDEIROS DE SOUSA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : JULIANA ALVES BRANDAO MEDEIROS DE SOUSA
DATA : 26/06/2018
HORA: 14:00
LOCAL: INSTITUTO DO CEREBRO
TÍTULO:

Herança genética do comportamento social e organização de circuitos neuronais do córtex pré-frontal em um modelo animal de autismo


PALAVRAS-CHAVES:

autismo, VPA, comportamento social, parvalbumina, herança epigenética


PÁGINAS: 113
RESUMO:

O autismo compreende um grupo heterogêneo de desordens caracterizado por déficits sensoriais, motores, de linguagem e principalmente sociais, percebidos logo no início da infância. Fatores genéticos, assim como fatores ambientais, estão fortemente envolvidos na predisposição ao autismo. Estudos em modelos animais sugerem que alterações no desenvolvimento neural podem modificar o padrão de diferenciação e maturação neuronal, gerando uma circuitaria cerebral hiperexcitável que poderia explicar a sintomatologia característica do autismo. O modelo animal induzido através de administração de VPA em ratas grávidas foi previamente caracterizado pelo nosso grupo. Nós demonstramos que animais F1 nascidos de fêmeas expostas ao VPA apresentam comportamentos “tipo-autista”, tais como hiperlocomoção, estereotipia prolongada e redução da interação social. Histologicamente, detectamos uma redução no número de interneurônios parvalbumina (PV)+ no córtex pré-frontal medial (CPFm) dos animais F1. No presente trabalho, investigamos a possibilidade de transmissão hereditária das alterações causadas pelo VPA em animais F1. Para isso, analisamos o  comportamento e a histologia do CPFm de animais gerados pelos animais da F1. Estes animais, doravante denominados F2, não foram diretamente expostos ao VPA durante a gestação e, portanto, alterações comportamentais e histológicas podem sugerir a heritabilidade genética de traços induzidos pelo VPA na F1. Nós observamos que a geração F2 apresenta ausência de hiperlocomoção seguida de redução no movimento estereotipado e exploratório. Por outro lado, os animais F2 apresentaram déficit social, ainda que de uma forma mais branda do que animais da F1. Já a análise histológica revela um aumento no número de neurônios PV+ no CPFm, sugerindo que alterações dos níveis de excitação/inibição ocorram tanto em animais da F1 quanto da F2. Experimentos de adoção cruzada corroboram a interpretação de que as alterações observadas em animais F2 tem uma base genética. Animais F2 cuidados pela própria mãe (F1) ou fêmeas naïve apresentam baixos índices de sociabilidade. Surpreendentemente, esse efeito foi ainda mais intenso no grupo F2 cuidado por mães adotivas controle, demonstrando que os cuidados por essas fêmeas não apenas foi insuficiente para reverter os baixos níveis de interação social apresentado pelo animais F2, mas também agravou esse déficit social nos animais. Os dados apresentados indicam que a exposição pré-natal ao VPA induz alterações genéticas em ratos que podem ser transmitidas aos seus descendentes. Este modelo poderá contribuir no futuro para a identificação de assinaturas genéticas associadas com as alterações comportamentais e histológicas observadas no autismo.  


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - CECILIA HEDIN PEREIRA - UFRJ
Presidente - 1674643 - MARCOS ROMUALDO COSTA
Interno - 1698305 - RODRIGO NEVES ROMCY PEREIRA
Interno - 2183828 - TARCISO ANDRE FERREIRA VELHO

Notícia cadastrada em: 14/06/2018 16:46
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