PROCESSAMENTO DE FREQUÊNCIAS ESPACIAIS PELO CORPO CALOSO DURANTE A ESTIMULAÇÃO MONOCULAR E BINOCULAR
Córtex visual primário, frequência espacial, conexões visuais inter-hemisféricas, estimulação monocular, estimulação binocular
Neurônios no córtex visual primário de gatos (área 17 e área 18) respondem seletivamente para certas características de um estímulo. Contraste, contornos de uma mesma orientação e direção de movimento são algumas dessas características. Além disso, o tipo de frequência espacial (FE) também é um parâmetro de seletividade. Diferenças na preferência de FEs nas áreas 17 e 18 são pensadas para emergirem de uma distribuição distinta de aferentes X e Y. A zona de transição (ZT), entre as duas áreas, tem preferência por FEs intermediárias, além de aferências retino-geniculado-corticais, essa região também recebe densas conexões visuais do corpo caloso. Sabemos que as conexões inter-hemisféricas são mais frequentes entre os neurônios visuais com preferência de orientação análoga e com preferência de direção similar, no entanto, dados referentes a seletividade de FEs nessas conexões ainda são escassos. O objetivo do presente trabalho é investigar a contribuição funcional das conexões visuais inter-hemisféricas nas respostas evocadas por diferentes FEs na ZT. Através da estimulação monocular e binocular com gratings, investigamos a taxa média de disparo neuronal em gatos anestesiados. Observamos que, em geral, durante a desativação térmica reversível do córtex visual contralateral a taxa diminuiu, em particular, durante a estimulação monocular do olho ipsilateral. Além disso, nessa condição, as respostas para a FE mais baixa, de 0.15 ciclos/grau e para neurônios que preferem contornos horizontais foram mais afetadas. Em contraste, durante a estimulação contralateral as respostas para a FE mais alta, de 0.6 ciclos/grau e para neurônios que preferem contornos verticais é que foram mais acometidas. Esses resultados indicam que as conexões visuais inter-hemisféricas são seletivas para FEs e que as fibras que conduzem informações do olho ipsilateral pelo corpo caloso originam-se predominantemente de neurônios dominados por células Y. Já aquelas que medeiam informações do olho contralateral originam-se de neurônios que recebem aferências das células X ou de uma mistura de células X e Y através da via retino-geniculado-cortical. Os diferentes circuitos para FEs baixas e altas podem estar envolvidos num processo de interação binocular, onde as respostas do olho ipsilateral e do olho contralateral se complementam.