PROPRIEDADES GEOTECNICAS DE SEDIMENTOS DA FORMAÇÃO BARREIRA E ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE FALÉSIAS CONSIDERANDO A CONDIÇÃO NÃO SATURADA: ESTUDO DE CASO EM BARRA DE TABATINGA/RN.
Falésia; Formação Barreiras; Propriedades Geotécnicas;
Estabilidade
No Estado do Rio Grande do Norte, encontram-se afloramentos de falésias pertencentes à Formação Barreiras, sobre os quais se desenvolvem cidades e obras de infraestrutura. Nesta região, são relatados movimentos de massa em proporções relevantes, principalmente em períodos de chuva. O desenvolvimento das cidades litorâneas e o crescente mercado de turismo nessa área tem demandado o estudo das falésias e do material que as compõem, de forma que os novos projetos de engenharia sejam implementados com segurança. Os objetivos deste trabalho foi estudar as propriedades geotécnicas dos solos da Formação Barreiras que compõem a falésia da praia da Barra de Tabatinga/RN e avaliar a estabilidade da falésia sob o ponto de vista determinístico. A falésia estudada foi dividida em três solos predominantes, os quais estão localizados na camada de base (AM-01), meio (AM-02) e topo (AM-03). Nesses solos, foram realizados ensaios de caracterização (geotécnica, química e mineralógica), ensaios para determinação da curva de retenção, ensaios de permeabilidade, compressão triaxial e diametral nas condições saturada e não saturada. Considerando o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS), as amostras AM-01, AM-02 e AM-03 foram classificadas como de comportamento similar à de uma areia siltoargilosa (SM-SC), areia siltosa (SM) e areia mal graduada (SP), respectivamente. Já as análises químicas identificaram óxidos de silício, alumínio e ferro em maiores percentuais. Em relação às análises mineralógicas, foram detectadas as presenças de Quartzo e Caulinita em todas as amostras. As amostras AM-01 e AM-02 apresentaram curvas de retenção bimodais, diferentemente da amostra do topo, que apresentou formato unimodal. Além disso, todas elas apresentaram coesão próxima de zero e ângulo de atrito em torno de 30° na condição saturada. No entanto, quando não saturadas, os parâmetros de resistência aumentaram consideravelmente, apresentando diferenças significativas entre as amostras. Na condição não saturada, o solo do topo é o menos resistente ao cisalhamento e a tração. Observou-se que a resistência a tração diminuiu com o aumento do grau de saturação chegando a atingir valores desprezíveis em todos os solos quando saturados. No tocante as análises de estabilidade, essas foram realizadas no Slope/W (Geostudio,2012) considerando três hipóteses distintas: maciço totalmente saturado (hipótese 01); maciço totalmente seco (hipótese 02) e o avanço da frente umedecimento (hipótese 03) através de modelagem numérica no Seep/W (Geostudio, 2012). A hipótese 03 tentou se aproximar da condição crítica real, buscando considerar o efeito da chuva na estabilidade da falésia. Logo, concluiu-se que para a chuva considerada, a ruptura da falésia é caracterizada, já que o FS =1 é alcançado. Ademais, observou-se que a ruptura se dá completamente através do material da camada de topo e pode atingir profundidades de até 8 metros.