INSTÂNCIAS DA REPRESENTAÇÃO IMAGÉTICA HIPER-REAL
REPRESENTAÇÃO; HIPER-REAL; IMAGEM; SIMULACRO; ESTÉTICA.
A abordagem que empreende este trabalho gira em torno da emergência de estruturas icônicas, reflexionando sobre o sentido de diferentes modalidades de representação imagética por meio das quais a contemporaneidade se revela. À partida, três aspectos são considerados para uma analítica em busca da ontologia do ato da representação imagética: a transição da representação nas sociedades de cultura oral para a escrita; destas para a tecnologia tipográfica e, finalmente, a constituição de dispositivo de representação fotográfica. Recorre-se, portanto, à argumentação por meio de alguns pontos de referência genealógica de que instâncias tecnológicas como a escrita, a tipografia e a fotografia, na evolução desse processo, correspondem, per si, a uma viragem técnica consequente, em relação a cada representação precedente. No domínio da imagem, o aspecto mais proeminente dessa mudança no decurso avançado consiste na emergência da hiper-realidade: das instâncias de representação hiper-realista. No contexto ocidental, a ‘simulação do mundo’ – ideia essencial da mimesis - é obra de um sistema autônomo e convencional. Sublinha-se, então, o fato de que, no âmbito irreflexivo das sociedades pós-industriais, a imagem mass-midiática se reveste com o falso código de natural ou inclusive – de acordo com Baudrillard – tende a substituir o mundo real na “perpetuação de uma larga cadeia de simulacros”. Daí, na modernidade, em plena sociedade pós-industrial, decorrer a crise do regime de representação e de percepção, centrado no referente. Neste limite instauram-se novas configurações estéticas de representações imagéticas na cultura contemporânea: instituindo espaços da simulação [Jean Baudrillard], do espetáculo [Guy Debord] e da hipermodernidade [Gilles Lipovetsky] em que operam. A estes agenciamentos, acode a emersão das Instâncias de Representação Hiper-real – vistas neste estudo como ocorrências estéticas a configurarem itinerários de uma nova sensibilidade. É da natureza dessa prática signo-icônica, incrustada na criação da expressão artística atual, que esta pesquisa se ocupou em perscrutar: a configuração hiper-realista, tomando como suporte empírico central a produção imagética contemporânea, em formatos diversificados da representação analógica.