“SER DOMESTICADO E SER NÔMADE”: um estudo sobre identidade cigana no município de Cruzeta – RN
Identidade étnica; memória coletiva; nomadismo/sedentarismo; estigma; família; rede social.
O presente trabalho tem como objetivo compreender a (re) construção da identidade cigana do grupo Calon no município de Cruzeta- RN, analisando como eles repensam, interpretam e vivem, através da memória coletiva e das práticas cotidianas performatizadas, o seu tempo vivido de nomadismo/ sedentarismo num contexto de interação com o mundo não-cigano. Para tanto, analiso tanto as relações sociais entre ciganos e não-ciganos na cidade, pois é a partir do contato que as fronteiras sociais são delineadas, como os discursos e representações sociais que são utilizados para qualificá-los a partir de estigmas. Levando em consideração que o nomadismo não é uma categoria natural nem imutável, porém socialmente operativo e largamente performativo na construção da identidade cigana, ele pode ser compreendido como diacrítico, um demarcador de fronteiras que se define num campo de comunicação e interação. O nomadismo expõe uma relação singular do cigano com o espaço, capaz de diferenciá-lo do não-cigano e mantê-lo distante do mundo não-cigano. Elaboram sua identidade relacionalmente e de maneira intensa, pois afirmam a semelhança com base na experiência profunda das diferenças com “os outros”. Dessa maneira, alicerçados na noção de família, os ciganos se veem enquanto grupo, buscando na história/passado nômade os elementos que fundamentam a sua condição numa rede conexa cuja extensão se dá por meio das relações entre pessoas e instituições.