INSTITUIÇÕES PREVALECENTES, TRADIÇÃO E PERSISTÊNCIA NO EXTRATIVISMO DA CERA DE CARNAÚBA EM LIMOEIRO DO NORTE – CE
Extrativismo da Cera de Carnaúba; Persistência; Rendeiros.
A presente proposta de pesquisa visa entender os fatores que explicam a manutenção dos aspectos artesanais no extrativismo da cera de carnaúba em Limoeiro do Norte. Justificamos a exploração desse tema pelo fascínio do autor pelo tema e por ser esse recurso ainda uma importante fonte de renda para produtores e trabalhadores rurais no respectivo município. Objetivamos nessa pesquisa identificar as razões pelas quais a atividade mantém seu padrão tecnológico intacto. Primeiro objetivamos uma descrição do processo produtivo da cera, tanto no passado, quanto no presente, comparando estes momentos e ressaltando o caráter artesanal da atividade, além de analisar a importância atual da atividade para aqueles que ainda lidam com esse tipo de produção, bem como procuramos revelar estrutura histórica e institucional que permeia a lógica e as escolhas destes produtores, a qual pode explicar a preservação destes aspectos artesanais. A cera de carnaúba, no passado provocou um surto modernizador na cidade de Limoeiro do Norte, em face do aparecimento de uma pequena elite econômica e por um conjunto de mudanças sócio-econômicas na urbe limoeirense entre o período de 1920-1950. Contudo, no início da década de 70, a atividade cerífera entra em crise e sofre com crescente desvalorização do produto no mercado externo, principal destino da produção cerífera. Pouco a pouco a atividade, outrora exercida por grandes proprietários de terra e com bom nível de renda, passa a ser gerenciada na atualidade por pequenos proprietários, rendeiros com baixo nível de renda, os quais executam a atividade ainda preservando os aspectos técnicos obsoletos herdados do passado. Utilizando o referencial teórico do institucionalismo, explicamos que a preservação destes aspectos artesanais, ocorre em virtude da prevalência de determinadas instituições, como a memória coletiva cultivada entre os rendeiros idosos e resistentes, a concentração fundiária, responsável pelo arrendamento e também as restritas possibilidades de investimento e poupança no processo produtivo, em face do baixo nível de renda de produtores, os quais com um produto pouco competitivo no mercado, pouco podem fazer para inovar tecnologicamente.