“Paulo Freire e a Pedagogia do Oprimido: afinidades pós-coloniais”
Paulo Freire. Pedagogia do Oprimido. Teoria pós-colonial.
A pesquisa em pauta possui como objetivo principal a reflexão acerca das afinidades entre a teoria pós-colonial - perspectiva analítica voltada para a discussão em torno do colonialismo e de seus efeitos na tecitura social contemporânea - e a “Pedagogia do Oprimido” - livro escrito pelo educador brasileiro Paulo Freire durante os anos finais da década de 1960. O trabalho busca argumentar que as reflexões presentes na obra em destaque, a exemplo do arcabouço teórico pós-colonial, delineiam uma crítica ao modus operandi do colonialismo, particularmente em sua dimensão cultural e epistêmica, delineando uma problematização sobre os processos de dominação cognitiva instaurados, sobretudo, a partir da colonização européia no continente latino-americano, quando da formação do “sistema mundo moderno”, datada do Século XVI em diante. Partindo-se deste princípio, e amparado especialmente nas contribuições de Boaventura de Sousa Santos sobre a “sociologia das ausências e das emergências”, o presente estudo busca acentuar a “Pedagogia do Oprimido” como um conjunto de reflexões que trazem a possibilidade de uma “pedagogia das ausências”, tendo em vista que nesta obra se fazem evidentes os pressupostos de uma pedagogia de construção coletiva, emancipatória e dialogal, princípios estes que vão de encontro a uma razão indolente, a qual, ao silenciar as vozes dos oprimidos, constrói suas condições de invisibilidade, promovendo também a ausência das questões sociais inerentes aos processos de ensino e de aprendizagem. É no interior desta perspectiva, portanto, que se considera o pós-colonialismo como um “lugar teórico” para a afirmação e a reinvenção da “Pedagogia do Oprimido” como uma obra imprescindível à construção de um “conhecimento prudente para uma vida decente”.