DIMENSÕES E POTENCIALIDADE DE QUINTAIS PRODUTIVOS GERIDOS POR MULHERES NEGRAS DO MATO GRANDE/RN
Quintais produtivos; Agricultura familiar; Mulheres; Raça; Sociologia Rural.
Grande parte da literatura sobre os quintais produtivos no Brasil destaca seu potencial transformativo e pedagógico na vida das mulheres: a segurança alimentar, o aumento da renda, os conhecimentos, as relações intergeracionais, enfim, dimensões e potencialidades que tendem a fortalecer a autonomia e seu protagonismo. Quando os artigos trazem fotos e relatos das experiências analisadas, observamos que as mulheres aglutinam marcadores sociais da diferença para além do gênero, como as especificidades territoriais e a raça. Através da lente da contracolonialidade e da interseccionalidade fizemos uso da análise de conteúdo e do método qualitativo que inclui a entrevista face a face, semi-estruturada e pesquisa documental para compreender a face oculta nas experiências de quintais produtivos. Na parte documental analisamos as experiências potiguares sintetizadas no boletim "O Candeeiro" pela Articulação do Semiárido (ASA). Também trouxemos as entrevistas realizadas com 10 mulheres do assentamento Arizona, no município de São Miguel do Gostoso/RN, onde fizemos o trabalho de campo. Identificamos que a interseccionalidade entre gênero-raça-classe-território são constitutivos das narrativas e trajetórias dessas mulheres, bem como, da dinâmica do cuidado com os quintais. Por fim, percebe-se que o mito da democracia racial “diluiu” a questão racial na questão de gênero, nos dilemas cotidianos, no próprio território e consequentemente no cuidado com os quintais produtivos.