LITERATURA E SOCIOLOGIA NA OBRA DE MICHEL HOUELLEBECQ
Literatura. Mal-estar. Humanismo.
Este trabalho analisa a obra romanesca do escritor Michel Houellebecq, partindo da premissa de que a literatura de modo geral, e a obra do autor francês em particular, possuem dimensões epistêmicas (SEVÄNEN, 2018) e potencial para instaurar discursividade (FOUCAULT, 2001) acerca do mal-estar da civilização contemporânea. A literatura, tal como as ciências humanas, produz orientações discursivas sobre realidades diversas. A questão que se impõe é sobre a possibilidade de atrelar o texto de Houellebecq à condição de fundador de discursividade sobre questões sociais contemporâneas, sobretudo ao mal-estar da civilização atual. É um mal-estar ligado a uma crise do que se chama de “humanismo”, tal como discutida por Heidegger (2005) e, mais recentemente, reelaborada por Peter Sloterdijk (2000; 2008[AG1] ). É não mais um descontentamento decorrente da repressão de um homem primitivo, mas do tensionamento do indivíduo civilizado entre forças inibidoras e desinibidoras. Ecoa, no entanto, a mesma angústia com o declínio do corpo e com o “inferno do outro” presente em Freud (2010). Mais ainda, é também uma crise de instituições fundamentais da modernidade (BAUMAN, 2014). O objetivo central desta pesquisa é analisar esse mal-estar contemporâneo através da articulação entre literatura e sociologia.