AS MIL FACES DE GAIA: Ensaios sobre ciência, espiritualidade e ecologia
Ciência. Cuidado de si. Espiritualidade. Ecologia profunda. Alfabetização ecológica.
Os ensaios que compõem essa tese se dedicam à reflexão de questões imanentes à responsabilidade ético-política que cada um de nós deve cultivar. O que vemos na sociedade contemporânea é uma crescente destruição da natureza, seja em nome do capital, do acúmulo e/ou da tecnologia. Mas, o que o humano não se dá conta é que ao instalar o caos, ele movimenta a força de Gaia (LATOUR, 2020), desencadeia crises irreversíveis no planeta, além de rupturas epistemológicas que nublam sua capacidade de refletir e dialogar com os regimes de enunciação (LATOUR, 2012) expressos na ciência, espiritualidade e ecologia. A disjunção entre eles e entre a dimensão da natureza e cultura – que não mais podem operar – gesta múltiplas tensões que se instauram impedindo o sujeito de uma livre possibilidade de existir. As parcerias do conhecimento que norteiam nosso caminho nesta pesquisa são a noção de uma ciência sem dogmas (SHELDRAKE, 2015), que possa transitar pelo espaço da incerteza e que possa se expressar na voz ativa por ser consciente de que os sujeitos que a praticam estão envolvidos com suas descobertas, ao mesmo tempo em que seja mais humana por se permitir sentir. Outra parceria se deu com a ecologia profunda (CAPRA) pois estamos implicados em uma mesma teia, somos vinculados e devemos aprender a cultivar o cuidado de si (FOUCAULT, 2010), nos voltar reflexivamente sobre nós mesmos constantemente, para depois agirmos sobre o mundo. Logo, partimos da ideia de que esse sujeito que age em sintonia com o cuidado de si, aliado a noção de espiritualidade – entendida como a consciência do sujeito de seu pertencimento, constituído como vínculo, com a ciência, a política, a educação, a ecologia – é alguém que ilustra o significado de ser alfabetizado ecologicamente.