“Não serei interrompida”: Comoção digital no Twitter sobre o assassinato de Marielle Franco
Redes sociais; comoção digital; Marielle Franco; Twitter.
O assassinato da vereadora brasileira Marielle Franco em março de 2018 foi um acontecimento que mobilizou sujeitos diversos por todo o Brasil, bem como em várias partes do mundo. As redes sociais digitais cumpriram um papel fundamental de visibilidade e repercussão do caso circulando dados, narrativas e emoções. Tendo como fonte registros virtuais no Twitter entre os meses de março de 2018 e março de 2019 nos propomos a refletir sobre o papel desempenhado pela rede nesse processo, de modo mais específico como foram propagadas as emoções pela morte da parlamentar. O poder do contágio afetivo (SAMPSON, 2012) de uma comoção digital não é somente mera manifestação entre usuários de uma plataforma, mas também – devido a ação dos algoritmos – alvo de um capitalismo cada vez mais afetivo e de grandes estratégias políticas de disputa ideológica. Nossa reflexão também é balizada pelo papel disruptivo brotado nesse acontecimento em um cenário de ascensão do conservadorismo no Brasil e de organização de uma direita oriunda de oportunidade política aberta pelas redes sociais. Recorreremos a autores como Gabriel Tarde (2007, 2011a, 2011b), Tony Sampson (2012) e Byung-Chul Han (2016, 2017, 2018) para analisar o contágio de ideias na sociedade e como se constitui a viralidade no capitalismo da emoção, e também a Esther Solano (2018) e Velasco e Cruz, Kaysel e Codas (2015) para compreender o cenário político brasileiro contemporâneo.