UM LÍRICO NA PERIFERIA DO CAPITALISMO: modernismo e modernização na obra de Carlos Drummond de Andrade
Comunidade. Drummond. Epistolografia. Modernismo. Política.
A presente tese investigou a relação entre a modernidade estética, na poesia de Carlos Drummond de Andrade, com ênfase nos decênios de 1930 e 1940, em face da modernização da sociedade brasileira durante o período. Utilizando o conceito de comunidade imaginada, do historiador britânico Benedict Anderson, analisamos a contribuição de Drummond para a formação da sociedade brasileira moderna à luz da modernidade estética e da modernização na periferia do capitalismo. Para tanto, utilizamos como recorte metodológico, dois suportes materiais em duas frentes distintas de atuação. O primeiro deles na esfera pública, o escrutínio dos cinco primeiros livros de Drummond – Alguma poesia (1930), Brejo das almas (1934), Sentimento do mundo (1940), José (1942) e A rosa do povo (1945), cujo objetivo foi a análise, na área da sociologia da cultura e da arte, das modificações e dos jogos no interior da modernidade estética na interface com a dinâmica dos intelectuais/escritores durante a primeira Era Vargas. O segundo suporte, desta vez na esfera privada, direcionou-se na pesquisa de três epistolários cujos respectivos correspondentes contribuíram para entendemos a dinâmica e os conflitos internos que levaram à comunidade imaginada brasileira moderna. Dentre os missivistas que se cartearam com Drummond, por ordem cronológica, aqui nesta tese, temos Mário de Andrade com sua verve performática e suas encruzilhadas na estética moderna; Alceu Amoroso Lima e a conjuntura política do quimérico catolicismo na rotina do poeta-funcionário público Drummond e, por fim; Cyro dos Anjos, o melancólico amanuense que no ramerrão do dia a dia nos revelou as circunstâncias e as angústias do intelectual/escritor na periferia do capitalismo.