Comensalidade e intimidade n'Comédia Humana de Balzac
Comensalidade; intimidade; Balzac.
A comensalidade ou o ato de comer e beber junto é frequentemente desconsiderada ao tratarmos das questões e dos problemas alimentares. Um espaço majoritário é reservado ao que comemos, e só marginalmente pensamos no “como” comemos. No entanto, já se sabe que a comensalidade afeta as questões alimentares, de modo que o Guia Alimentar para a População Brasileira reserva um capítulo inteiramente a este elemento do sistema cultural alimentar. Para pensá-la escolho partir da literatura, pois compreendo esta como algo ficcional que permite uma reflexão da realidade, uma vez que nela, o real e a ficção estão em intercâmbio constante. Diante disso, meu objetivo é compreender a comensalidade nos espaços de intimidade d’A Comédia Humana. Esta obra de Balzac apresenta diversas referências ao comer junto, que acontece principalmente nos interiores, vistos aqui como espaços de intimidade, não por serem privados, mas sim por permitirem o estar junto e a relação com o Outro. Quanto à metodologia, realizarei uma análise temática de cinco obras selecionadas do autor: Memórias de duas jovens esposas, Eugênia Grandet, História da grandeza e da decadência de César Birotteau, Coronel Chabert e Ilusões perdidas. Nelas encontrei respectivamente cinco espaços de intimidade distintos nos quais acontece a comensalidade, respectivamente: o corpo, a sala de jantar, o salão, o escritório e o restaurante.