O preço das rebeldias policiais: sindicalismo de policiais militares do RN 2003-2016: radicalismos, conformações e metas
conflitos, participação, sindicalismo, policiais militares, ações coletivas, boas razões.
A pesquisa busca analisar o sindicalismo policial militar no Rio Grande do Norte considerando as visões de mundo de oficiais e praças sobre a crença da legitimidade de um policial proibido ter o direito ao protesto e com isso rompa o crie novos laços de solidariedade e mude os valores corporativos da instituição.
É sabido que os Estados modernos se caracterizam pelo controle da sociedade quer pela violência física legítima, quer pela força do direito. Daí que para este controle funcionar surgem vários dispositivos, dentre eles, homens armados e obedientes preparados para a guerra e a existência de uma legislação para o controle destes e de outros homens. Assim, os policiais militares atuam como um pequeno exército para enfrentar confrontos e dissipar os conflitos nas ruas usando rotineiramente a intimidação, a violência. Daí que sob os ombros de policiais militares, ainda pesam as ações de truculência na história política brasileira, que enquanto agentes do Estado reprimiram manifestações populares, torturaram comunistas, prenderam sindicalistas e estudantes culminando, na expressão de Bowden (1978) em práticas punitivas muito além dos limites da lei. Ora, se esses homens do Estado e em nome dele, devem obediência e disciplina para manter a ordem pública, como admitir que aqueles sejam os sujeitos de desordem? Por que policiais militares participam de associações sindicais sendo proibido esse direito? Quais os custos dessa participação? Até que ponto a desmilitarização permitiria uma mudança na cultura do policial militar, reconhecendo direitos trabalhistas, otimizando os canais de controle sob a violência policial, implantando uma cultura democrática dentro dos limites da cidadania? Será que a crença dos policiais militares jovens é diferente quanto aos valores democráticos ou eles reproduzem os mesmos resíduos da geração anterior no tema da desmilitarização entendendo esta como mudanças de práticas e valores no policiamento? Não mudar as leis que comanda as pms deixa as tensões e conflitos na democracia brasileira sob diversas ambivalências na segurança pública, seja punindo algumas praticas ( a de associação policial), seja permitindo outras também proibidas (bico ou trabalho extra, por exemplo). De modo geral, policiais militares deveriam ser obedientes sempre, mas nunca rebeldes quando as condições salariais ou as pressões institucionais são severas.