ESTÉTICA DA HIPERQUALIFICAÇÃO: O NOVO PODER PASTORAL DO CAOCHING EXECUTIVO
Hiperqualificação; estética; coach; profissional; capitalismo; subjetividade.
Na sociedade contemporânea em que a carreira profissional está sendo fragmentada em vários empregos, ao longo da vida, ao mesmo tempo em que a obrigação do aprendizado/hiperqualificação se tornou contínua, os paradoxos são inevitáveis. Já que o trabalhador nunca cessa a busca de um “plus” curricular, no qual se está refém da lógica do sujeito bem-sucedido. Um imperativo cruel, que no capitalismo, no neoliberalismo e na globalização, gera uma crise de subjetividade e encontra-se sedimentado por uma cultura, que dita palavras de ordem no modelo empreendedor: “faça você mesmo”. Inspirado nos superlativos dos “hipers” de: hipermodernidade, hiperconsumo, hiperespetáculo, hipercultura, hiperindividualismo, hiperaceleção entre outros; do capitalismo artista e transestético, apresentados pelo filósofo Gilles Lipovetsky e pelo crítico de arte Jean Serroy, o presente estudo se propõem a analisar palestras do segmento empresarial, ministradas pelo master coach Paulo Vieira, a partir dos seus operadores estéticos, das suas proclamações retóricas, dos seus enunciados, das suas narrativas e da sua rede de significações. No objeto deste trabalho, percebemos que seria pertinente analisar o contexto, que ecoam, reverberam, se legitimam, os valores disseminados e as relações de poder, postas às plateias, em auditórios de hotéis de luxo, ou plateias virtuais, que consomem esse tipo de conteúdo por meio do Youtube. Escolhemos o viés da estética, a princípio, porque entendemos que esta dimensão, diz respeito ao universo do simbólico, que tem intrínseco o sentido grego do termo, que seria a vida das sensações, a vida sensível, o experiencial, que transborda a racionalidade. Identificamos que os mecanismos de poder no mundo corporativo sob as relações de trabalho, estão sempre sendo esteticamente conduzidos. Por isso, a pesquisa irá percorrer os pressupostos teóricos com base também nos conceitos de servidão social e sujeição maquínica, trabalho imaterial, desse “novo poder pastoral”, a que se refere o sociólogo Maurizio Lazzarato, bem como a influência da psicopolítca e o capitalismo da emoção do filósofo coreano Byung-Chul Han, e dos mecanismos de visibilidade do Homo sacer, da vida zoé, mera vida, e bios, vida qualificada, do filósofo Giorgio Agamben.