AS NARRATIVAS FOTOGRÁFICAS DE CANINDÉ SOARES: ENTRE O TURISMO E A DEVOÇÃO
Fotografia. Espaço. Paisagem. Festas religiosas. Turismo.
A partir do campo sociológico concentramo-nos na possibilidade de problematizar a dinâmica espacial através de uma das expressões visuais que lhe dá forma: a fotografia. Pensando nessa variável em interseção com a geografia, a história e o turismo, temos o fio condutor para a reflexão crítica e histórica das relações dos indivíduos e das diferentes classes nos, e para com os, espaços. As imagens fotográficas selecionadas como objeto de estudo são as fotodocumentais, registradas pelo profissional Canindé Soares, fotografias que em sua maioria tem origens sociais definidas – para a imprensa ou outros projetos editoriais ligados à produção de informação de atualidade. Acreditamos que seu trabalho é primordial para a compreensão de acontecimentos que não se limitam ao tempo da festa, mas, desenrolam-se em um movimento continuo de trocas e adesões, acompanhados por embates, utilização e domínio dos espaços, situações sedimentada numa existência concomitante à vida cotidiana. Nesse viés a pesquisa problematiza o direcionamento das práticas e a ordenação do olhar que se dá sobre as paisagens que envolvem os festejos do catolicismo popular. A ideia é que as paisagens que envolvem esses eventos estão em processo de espetacularização, atendendo a interesses político-econômicos, sobre grande influência do discurso do turismo direcionado as políticas de combate a pobreza. Apreendendo a fotografia em seu sentido mais amplo trataremos da compreensão dos significados construídos que legitimam e divulgam o ordenamento espacial das festas religiosas em seu processo de caracterização enquanto um evento turístico. Desse eixo desmembram-se questões que norteiam o entendimento do processo de caracterização, produção, enquadramento, (re)elaboração, (re)significação espacial, a fim de romper com a naturalização que padroniza e espetaculariza os espaços, fixando nele as relações de modo a-histórico.