Usos do território e SUS: do mundo como norma ao lugar como forma.
SUS. SIAB. Territorialização. Lugar.
A idéia de atenção primária à saúde difundida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) foi peculiarmente incorporada ao processo político-ideológico da reforma sanitária brasileira, cujo ideário se efetivou na Constituição Federal de 1988, a qual legitima o vigente arcabouço normativo do Sistema Único de Saúde (SUS). Paralelamente à formação do SUS, surge no Brasil a teoria dos Distritos Sanitários, que tinham na base territorial o principal instrumento para o desenvolvimento do modelo de assistência à saúde. Essa teoria teve fundamental influência sobre o processo de territorialização do SUS, que foi sendo aperfeiçoada até atingir o modelo atual: a territorialização da estratégia Saúde da Família, a qual segue as normas da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Acreditamos que há uma incongruência entre a intencionalidade normativa dessa política com a constituição da materialidade dos lugares onde ela se desenvolve. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo principal analisar se existe uma coerência entre a variável informacional da PNAB, o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), e a forma geográfica dos lugares onde as informações do SIAB são produzidas. Para tanto, a metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliográfica, documental e empírica, principalmente sobre a territorialização da estratégia Saúde da Família do município de Natal-RN. A partir das mediações empíricas foi possível constatar nesse estudo que há descompasso entre o SIAB e a realidade dos lugares. Diante disso, destacamos a importância de considerar-se o condicionamento das formas dos lugares como princípio norteador da estratégia de Saúde da Família.