USOS DO TERRITÓRIOS E REDES DE COMERCIALIZAÇÃO E PRODUÇÃO SOLIDÁRIAS NO RIO GRANDE DO NORTE
Uso do território. Cooperativismo. Associativismo. Política Pública. Economia Solidária. Círculos de cooperação. Rio Grande do Norte.
Partindo da perspectiva da Economia Solidária (ES) enquanto um campo de práticas em construção, constituído enquanto movimento social, horizontal, surgido a partir da ação de trabalhadores e trabalhadoras, bem como enquanto política pública, de maneira vertical, nos propomos a analisar o uso do território potiguar a partir da Economia Solidária e outros reflexos sócio-territoriais advindos das práticas solidárias, indo desde a compreensão da importância do cooperativismo ao associativismo. Nesse sentido, há um caráter diferenciado na ES que pode ser compreendido devido a busca de novas perspectivas de trabalho e de renda que se dão no seio desta. Buscamos, para além da análise do uso do território, investigar o círculo de cooperação contra-hegemônico gestado a partir das relações entre os diversos agentes envolvidos. Nosso trabalho está calcado, principalmente, na pesquisa bibliográfica de autores que discutem a temática da ES, além de alicerça-se, na pesquisa documental, principalmente nos Planos Plurianuais dos Governos Federal e Estadual, bem como nas pesquisas de campo, elemento fundamental à pesquisa geográfica, sendo esse conjunto primordial para a averiguar não só as reais condições dos empreendimentos solidários analisados, mas também a política de Economia Solidária no Rio Grande do Norte. Temos como recorte espacial o território do estado do RN, utilizando a divisão por Mesorregiões do IBGE, analisando empreendimentos em três das quatro mesorregiões e, como recorte temporal, os anos de 2003 a 2022, período que compreende o início da política pública de Economia Solidária a nível nacional e sua descontinuação, bem como a nível estadual, compreendendo qual o caminho traçado pelo Rio Grande do Norte na operacionalização e execução de políticas voltadas a ES. Desse modo, partimos de uma análise do território, entendendo-o enquanto totalidade, analisando os processos e movimentos deste, partindo não só do aspecto quantitativo da ES, mas também qualitativo, uma vez que é na subjetividade que conseguimos captar a essência de processos e fenômenos que não se expressam apenas através dos números. Para atingir nossos objetivos e promover uma análise que de fato compreenda a realidade, utilizamos algumas tipologias que nos indicam, por exemplo, se há necessidade de financiamento, qual a destinação das sobras, a forma de organização, os motivos de criação, a relação dos empreendimentos com outras entidades e movimentos sociais, que somam-se a alguns pontos fundamentais como a institucionalização da política pública de ES e os benefícios destas nos EES averiguados a partir das entrevistas com membros dos empreendimentos e gestores públicos, possibilitando uma compreensão geral da materialidade da economia solidária potiguar. Esse conjunto de informações nos possibilitou não só entender como a organização cooperativa e solidária beneficia os EES do estado, mas também como se dá o uso do território por parte destes, e além disso, compreender o círculo de cooperação contra-hegemônico que se materializa a partir da Economia Solidária envolvendo diversos agentes, hegemônicos ou não, mas que reproduz outras relações onde os fluxos materiais e imateriais não se situam enquanto vetores da competitividade e do lucro, mas do desenvolvimento humano e social.