O SABER E O APRENDER DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DE ASSÚ, RIO GRANDE DO NORTE
Relação com o saber. Educação de Jovens e Adultos. Professores. Saber e aprender.
Esta pesquisa objetiva compreender como se caracteriza a relação com o saber e o aprender de professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na escola pública. Para isto, tomou como base as experiências profissionais e os processos que perpassam o desenvolvimento da sua função docente. Para o alcance do objetivo foi utilizado o conceito teórico de Bernard Charlot (2000). O corpus analisado resulta de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida por meio da abordagem sócio-histórica, constituído a partir de dois instrumentos metodológicos: balanço do saber e entrevista semiestruturada, trabalhados com 10 (dez) professores da EJA do município de Assú/RN. A análise realizada centrou-se nas experiências significativas para os professores e nos processos que mobilizaram a aprendizagem da função professor, observando as dimensões: epistêmica, identitária e social da relação com o saber, bem como, a construção dos saberes e sentidos utilizados na prática pedagógica dos professores. Os dados revelaram que a relação com o saber e o aprender dos professores da EJA apresenta uma fragilidade em duas dimensões: epistêmica e identitária. Não obstante, houve a análise positiva da dimensão social dessa relação, tendo em vista que os professores, mesmo com as adversidades, buscam descobrir os próprios caminhos para o saber e o aprender, contradizendo as forças sociais. Tal fato evidencia que os professores não se veem na função de professor apenas para melhorar as suas vidas, mas, também, para contribuírem com a formação ético-moral e intelectual dos jovens e adultos. No tocante à construção dos saberes, destacam-se quatro tendências dessa relação específica com a atividade de educar jovens e adultos. A primeira revela que a função de educar é compreendida pela maioria dos professores como algo que depende, fundamentalmente, de sua aproximação com os alunos, revelada pela afetividade entre ambos. A segunda, por sua vez, mostra que o educar implica um esforço e uma postura ativa dos professores para a instrução do aluno. As outras duas tendências sinalizam para uma aprendizagem que promova a transformação tanto da vida dos alunos como dos professores e, sobretudo, para uma experimentação constante em suas práticas, na tentativa de amenizar as incertezas e dificuldades das situações difíceis e imprevistas da sala de aula da Educação de Jovens e Adultos.