Formação para o trabalho interprofissional nas residências multiprofissionais em saúde dos hospitais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Educação em Saúde; Educação Superior; Educação Interprofissional; Sistema Único de Saúde.
A integralidade na assistência em saúde é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Para atender essa demanda, compete ao SUS a formação continuada de seus recursos humanos. Nesse sentido, a Educação Interprofissional (EIP) é um dos eixos formativos centrais da educação em saúde atualmente. O nosso objetivo é analisar a proposta de EIP dos Programas de Residências Multiprofissionais em Saúde (PRMS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, vinculados a hospitais, bem como a percepção de seus/suas residentes sobre a formação que estão recebendo para o trabalho interprofissional. Esta pesquisa é um estudo exploratório de natureza qualitativa. O corpus da pesquisa são os Projetos Pedagógicos (PP) dos cursos e entrevistas semidirigidas transcritas, realizadas junto aos(às) residentes. Analisamos os PP e 29 entrevistas através da análise documental e análise de conteúdo (abordagem do framework), respectivamente. Os resultados nos mostram que todos os programas propõem mudança de práticas tradicionais de ensino na saúde, tendo objetivo formativo central a prática colaborativa em seus PPs, os projetos possuem as mesmas matrizes pedagógicas e sistema de avaliação e todos citam metodologias ativas como ferramenta de aprendizagem. Os(as) residentes têm uma boa compreensão sobre EIP, o que corrobora com a definição apresentada pela literatura e reconhecem a importância do trabalho em equipe. Percebemos, todavia, uma dissonância entre a EIP prevista no PP e aquela percebida pelos(as) residentes que consideram os PRMS cenário fértil para a EI, porém relatam que: A formação uniprofissional da graduação é uma ameaça para EI; O modelo biomédico ainda é hegemônico dentro dos hospitais provocando um distanciamento das demais profissões com o curso de medicina; A separação total da residência médica e multiprofissional enfraquece a colaboração. A criação de um pensamento interprofissional é um desafio dentro da educação em saúde, porém somente será fomentada se ampliarmos as atividades formativas dentro dos PRMS que produzam interações solidárias e colaboraivas.