AVALIAÇÃO DO ENSINO DA CIRURGIA AMBULATORIAL AO GRADUANDO DE MEDICINA NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE
Procedimentos cirúrgicos ambulatoriais; educação de graduação em medicina; materiais de ensino.
Introdução: Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de medicina, é imprescindível que o graduando seja capaz de realizar procedimentos cirúrgicos ambulatoriais (PCA). Seu ensino costuma ser acompanhado de métodos formais e informais combinado com atividades em ambulatórios, centros cirúrgicos e enfermarias, baseando-se principalmente na observação e execução de procedimentos práticos mediante supervisão adequada e experiente. A Global Rating Scale (GRS) é uma escala validada internacionalmente na qual é possível identificar aspectos do desempenho dos estudantes da prática cirúrgica.
Objetivos: Avaliar as competências adquiridas pelo grupo de alunos que passaram pelo estágio estruturado de PCA comparando aos que passaram anteriormente antes da estruturação do estágio.
Métodos: O estudo é caracterizado como quase-experimental, foram convidados a participar do estudo todos os alunos egressos do nono período do curso de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte nos semestres 2018.1 (grupo controle) e 2018.2 (grupo intervenção), totalizando 77 discentes. Contou com equipe colaboradora de 8 alunos monitores/atores, além de 10 preceptores/professores/avaliadores. Os preceptores receberam capacitação com o objetivo de aprimorarem suas competências em cirurgia ambulatorial e nos instrumentos de avaliação. Foram elaboradas estações de simulação para avaliação de competências cirúrgicas com material de bancada padronizado em silicone. Instrumentos baseados na GRS, foram utilizados para avaliação do desempenho. A avaliação foi aplicada inicialmente ao grupo controle. Para o grupo de alunos da intervenção foi estruturada uma aula teórico-prática voltada para o desenvolvimento de competências em cirurgia ambulatorial para o médico generalista, videoaulas foram elaboradas e disponibilizadas para acesso EaD, além da possibilidade de realizarem PCA nas unidades de saúde junto aos preceptores. Ao final do semestre, o grupo intervenção, participou da avaliação com as mesmas estações oferecidas anteriormente ao grupo controle. Para análise estatística dos dados, foram escolhidos o teste T de student para as variáveis de médias, e o teste Qui-Quadrado de Pearson para as variáveis de proporções. Foi considerado o nível de significância de p <0,05.
Resultados: Dos egressos do semestre 2018.1, 42 (100%) participaram do estudo, enquanto do semestre 2018.2, 35 (68,6%) dos 51 alunos estiveram presentes para realização da avaliação. A média de idade foi semelhante (24,5 anos vs 25,3 anos, p=0,497), com predomínio do sexo masculino em ambos os grupos (59,5% vs 60%, p=0,996). O escore geral de desempenho do grupo intervenção foi de 5,44 (DP ±1,75), superior ao grupo controle que teve média de 3,15 (DP ±1,47), com p<0,001. Quando considerado a proporção de escores acima de 5,0 (nível competente) em relação a escores abaixo de 5,0 (insuficiente), pode-se observar um número maior de alunos com competência adquirida na realização de PCA no grupo intervenção (57,1%) em relação ao grupo controle (9,5%), com p<0,001.
Conclusões: Com os resultados encontrados, espera-se que esse processo de ensino-aprendizagem, possa se manter, e ser difundido facilitando o ganho das competências em PCA preconizadas para o médico generalista. E que o graduando desenvolva autonomia e tranquilidade para a realização dos procedimentos mais comuns em pacientes reais da Atenção Primária a Saúde, evitando encaminhamentos desnecessários e melhorando a assistência a saúde.