EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO E VAZÃO ASSOCIADOS ÀS CARACTERÍSTICAS NATURAIS E ANTRÔPICAS DAS REGIÕES HIDROGRÁFICAS DO SÃO FRANCISCO E DO PARANÁ
Análise de agrupamento, sub-regiões homogêneas, teoria dos valores extremos, sobreposição de imagens.
A ocorrência de desastres naturais em virtude da ocorrência de extremos de precipitação e vazão vem se tornando uma realidade cada vez mais comum no mundo. Na maioria dos casos, a inexistência de planos de prevenção e minimização de impactos associado à falta de gestão por parte dos órgãos públicos maximiza os danos e prejuízos dos quais toda a população é sujeita. No Brasil, as regiões hidrográficas determinam o gerenciamento hídrico em todo o território. No entanto, vale destacar que as metodologias e soluções criadas para enfrentar tais estresses não são necessariamente iguais para qualquer região, haja vista que cada uma delas apresenta características distintas seja na economia, no âmbito social, demográfico e na gestão da água ofertada. Nesse contexto, a pesquisa apresenta como objetivo estimar a recorrência de extremos de precipitação intensa e vazão máxima, bem como buscar a relação existente com as características naturais e antrópicas das regiões hidrográficas do São Francisco e do Paraná. Para tanto, utilizaram-se três conjuntos de dados, foram eles: meteorológicos, hidrológicos e demográficos com séries temporais de 1988 a 2017. Os dados de precipitação foram obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia e Agência Nacional de Águas. Os dados de vazão foram oriundos da Agência Nacional de Águas. Além disso, as informações a respeito de demografia foram obtidas a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Na metodologia, empregou-se a estatística descritiva dos dados de precipitação e vazão, juntamente com a análise de agrupamento a fim de identificar sub-regiões homogêneas de precipitação e vazão em cada região hidrográfica. A geração dessas sub-regiões homogêneas foi testada mediante a aplicação do Índice de Silhouette. Em seguida, aplicou-se a Teoria de Valores Extremos para cada sub-região, com o intuito de gerar a estimação dos períodos de retorno de eventos extremos de precipitação e vazão. Posteriormente, a sobreposição de informações das características físicas, socioeconômicas e demográficas possibilitou a análise do uso e ocupação do solo de áreas suscetíveis à ocorrência de fenômenos desse porte. Os resultados indicaram a formação de quatro sub-regiões homogêneas de precipitação nas duas regiões hidrográficas estudadas, além de três sub-regiões homogêneas de vazão na região hidrográfica do São Francisco e duas na região hidrográfica do Paraná. Os cenários para a recorrência de eventos de precipitação intensa e vazão máxima mostraram o elevado grau de severidade pelo qual determinadas sub-regiões podem vir a estar submetidas, além de que o uso e ocupação do solo destas regiões hidrográficas vem sendo alterado bruscamente nos últimos anos. Ressalta-se que, o crescimento urbanístico da maioria das cidades e a alteração das áreas naturais para a prática de agropecuária extensiva podem agravar os inúmeros danos em decorrência dos cenários previstos para nas duas regiões hidrográficas.