INVESTIGAÇÃO DA CAPACIDADE INTELECTIVA DE PACIENTES PEDIÁTRICOS DIAGNOSTICADOS COM TUMORES DE FOSSA POSTERIOR
capacidade intelectiva, neuropsicologia, neurodesenvolvimento, oncologia pediátrica, tumores de fossa posterior.
Este estudo investigou as relações entre tumores de fossa posterior (astrocitoma e meduloblastoma), seus respectivos tratamentos e a capacidade intelectiva de crianças. Os tumores do SNC são as neoplasias sólidas mais frequentes na infância. 60% desses tumores ocorrem na fossa posterior. O tratamento básico consiste de ressecção cirúrgica e, no caso dos tumores malignos (meduloblastoma), são utilizadas estratégias terapêuticas complementares – quimioterapia e radioterapia. Na atualidade, o aumento significativo da sobrevida destas crianças evidenciou a presença de alterações neurocognitivas que acarretam dificuldades na vida acadêmico-social, comprometendo consequentemente a qualidade de vida deste subgrupo. Participaram do estudo 21 crianças, com idades entre 6 e 16 anos, atendidas no CEHOPE – Recife/PE, sendo 13 diagnosticadas com astrocitoma pilocítico (G1) - submetidas à cirurgia de ressecção e; oito com meduloblastoma (G2) – submetidas à cirurgia, quimioterapia e radioterapia de crânio e neuroeixo. Os participantes foram avaliados pelas Escalas Wechsler de Inteligência para Crianças – WISC-III. Análises estatísticas inferenciais identificaram contrastes estatisticamente significativos (p≤0,05), entre o QI de Execução (QIE) e Índice Fatorial Velocidade de Processamento (IVP) em função da modalidade de tratamento; QI Total, QIE e IVP em função da escolaridade dos pais e; QIE, QIT, IVP e Índice Fatorial Resistência à Distração (IRD) em função do tempo entre o diagnóstico e a avaliação para as crianças com meduloblastoma. Verificou-se o impacto tardio e progressivo das intervenções terapêuticas complementares sobre a substância branca e, consequentemente, o rebaixamento da velocidade de processamento; crianças cujos pais possuem maior nível de escolarização apresentam melhor capacidade intelectiva, evidenciando a influência de variáveis sócio-culturais sobre o desenvolvimento cognitivo. O impacto do câncer e seu tratamento sobre o desenvolvimento e a aprendizagem não deve ser subestimado. Tais resultados reforçam a necessidade de aprofundar a compreensão sobre tais efeitos, visando propor estratégias terapêuticas que garantam, além da reabilitação clínica, o pleno desenvolvimento dessas crianças.