POÉTICA E GEOMETRIA DO ESPAÇO IMAGINATIVO: As experiências das Casas-Museus do Século XX no Brasil e em Portugal
Casa-museu, Habitar; Habitação e Memória; Arquitetura de Casas-Museu,
Museografia e Memória;
A investigação insere‐se na temática da qualificação projetual das casas-museu. A pesquisa é baseada nos estudos da arquitetura dos museus e da habitação, atrelada aos conceitos da poética e geometria do espaço, bem como a relação entre a vida prática e a memória imaginativa. Assume-se que, como todas as outras instituições museológicas, esta tipologia de museu necessita imprimir no ambiente expositivo práticas que a levem a ser uma instituição de guarda do acervo e ensino, pois, caso contrário, será apenas uma casa aberta ao público. Percebemos, neste sentido, o grande desafio atribuído as casas-museu: transformar um edifício residencial,
com seus objetos e memórias, em uma instituição museológica responsável por preservar, educar, se comunicar, e outras ações intrínsecas à instituição. A questão de investigação surge da lacuna evidenciada nas pesquisas sobre casas-museu: como a arquitetura e a museografia influenciam na percepção de uma casa-museu, enquanto memória imaginativa? Nesta investigação, as relações entre forma e imagem, espaço expositivo, espaço habitado e sua interação com o público nas casas-museu, provocam uma reflexão sobre os conceitos vigentes na arquitetura das habitações e nos projetos de museografia. Compreendemos que o espaço é uma forma de linguagem, que em uma casa-museu exerce papel fundamental na compreensão da vida intima representada. Assume-se como hipótese inicial desta investigação, com base nos estudos da poética e geometria do espaço que, é possível identificar os elementos da arquitetura que aliados à museografia, possibilitam a desejada “memória imaginativa” para uma casa-museu. Foi utilizada uma metodologia qualitativa mista, com instrumentos e técnicas de análises e interpretação que permitem compreensão ampla dos fenômenos, seu sentido e significação, num processo que envolveu várias etapas interativas e simultâneas. Para tanto, as quatro casas-museu selecionadas como casos de estudo foram investigadas tendo por base a análise técnica do espaço e a percepção de seus usuários, cujos dados foram tratados de modo conjunto. Os dados obtidos nos dois momentos de pesquisa (técnica e percepção dos usuários) foram cruzados entre si, possibilitando o desenvolvimento de parâmetros confrontados com o estado da arte. As conclusões remontam à problemática estabelecida, sugerindo os meios para repensar a compreensão da poética do espaço habitado e da “memória imaginativa” no processo de transformação de uma casa em uma casa-museu.