Mirando Vênus: o revólver fotográfico e um astrônomo brasileiro no Japão
Francisco Antônio de Almeida Júnior; História Cultural da Ciência; trânsito de Vênus; revólver fotográfico
Como o resgate histórico da prática científica de um astrônomo brasileiro no século XIX pode gerar elementos que contribuam para o Ensino de Astronomia? Direcionada a partir desse questionamento, essa pesquisa tem como objetivo geral analisar, sob a ótica da História Cultural da Ciência, as contribuições e o apagamento histórico do astrônomo brasileiro Francisco Antônio de Almeida Júnior a partir da sua prática científica. O referencial teórico que utilizamos é a vertente da historiografia denominada História Cultural da Ciência, a qual descreve as práticas científicas como sendo práticas culturais situadas em um tempo e espaços específicos. O aporte da História Cultural da Ciência (HCC) entende que as ciências não devem ser estudadas na cultura, mas como cultura. Em 1872, d’Almeida foi enviado pelo diretor do Observatório Imperial do Rio de Janeiro para estudar Astronomia na França. O astrônomo brasileiro participou da missão francesa para observar o trânsito de Vênus em 9 de dezembro 1874 em Nagasaki, no Japão. Na ocasião do trânsito, d’Almeida foi o responsável por manusear o revólver fotográfico idealizado pelo astrônomo Jules Janssen. D’Almeida retornou ao Brasil em 1876 e publicou duas obras diretamente associadas com as experiências vivenciadas durante a expedição: um relatório científico (A Parallaxe do Sol e as passagens de Vênus - 1878) e um relato de viagem (Da França ao Japão: Narração de viagem e descrição histórica, usos e costumes dos habitantes da China, do Japão e de outros países da Ásia - 1879). Entretanto, apesar de sua presença e contribuição na missão científica francesa, no século XIX, esse personagem está praticamente ausente da história da astronomia brasileira. A partir de fontes primárias e secundárias, resgatamos a participação desse personagem, buscando, ainda, apontar caminhos pelos quais esse resgate da memória de um ator invisibilizado e de sua produção científica pode trazer contribuições para o Ensino de Astronomia.