Aventuras do Contar(se): escritas de si e formação de professores de química à distância
Narrativas (auto)biográficas. Formação de professores de Química. Educação à Distância. Memoriais de formação.
As implicações das experiências de vida na/para a constituição dos percursos de formação profissional de professores de Química é tema ainda pouco discutido no Brasil, sobretudo quando se trata de cursos na modalidade à distância. A partir de tal constatação, nesta tese de doutorado objetivamos caracterizar o processo de constituição da identidade docente de estudantes do curso de Licenciatura em Química à distância da UFRN, por meio da análise de suas narrativas (auto)biográficas em memoriais de formação. Para tanto, adotamos como referencial teórico o pensamento de autores que versam sobre formação de professores (PIMENTA, 2012; PIMENTA; LIMA, 2017; CARVALHO; GIL-PEREZ, 2012; MALDANER, 2000), narrativas (auto)biográficas (SOUZA, 2006; PASSEGGI, 2008; NÓVOA, 1995, 2010; JOSSO, 2010; PINEAU, 2002, 2004) e saberes docentes (TARDIF, 2014). Do ponto de vista metodológico, realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo descritiva e a partir do paradigma interpretativista. Para a produção de dados, realizamos a análise documental de 16 (dezesseis) memoriais oriundos do polo de Nova Cruz/RN, utilizando a análise de conteúdo como estratégia de categorização dos dados. A partir de tais procedimentos, chegamos a três eixos de análise, quais sejam: 1. Do querer ao ser: os caminhos para tornar-se professor de química pela EaD; 2. Como nos tornamos professores de química: dificuldades, adaptações e permanências na EaD; 3. “Falar de estágio é reviver minha experiência em sala de aula” - as aventuras nas escolas. As análises das categorias derivadas dos referidos eixos revelaram, respectivamente, que fatores dos contextos social e pessoal interferiram diretamente na escolha do curso e na definição da modalidade de ensino; que a educação à distância democratizou, por um lado, o acesso ao Ensino Superior, mas, por outro, apontou desafios para a permanência dos alunos devido à necessidade de adaptar-se a novos procedimentos de estudo e às dificuldades de infraestrutura; que as oportunidades de estágio supervisionado possibilitaram o deparar-se com as crenças sobre a escola e os desafios do processo de ensino-aprendizagem, bem como ressaltou a importância do professor-colaborador como referência na aproximação com a realidade profissional. Assim, concluímos que o ato de narrar(se) possibilitou o reconhecimento de nuances da formação de professores de Química à distância, permitiu entender a identidade docente como um processo de construção permanente e comportou o (re)significar dos saberes adquiridos no percurso formativo.