A ESCOLA TAMBÉM É DE SAMBA: o ensino de arte como experiência e construção de um processo de aprendizagem decolonial
Ensino de arte. Samba. Aprendizagem Decolonial.
O presente artigo discute uma experiência docente, na atuação do ensino de Arte, com estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental II, na Escola Municipal Professor Waldson José Bastos Pinheiro, na comunidade do Vale Dourado, no Bairro de Nossa Senhora da Apresentação, uma escola da rede pública de Natal (RN). Analisa o Samba como objeto de estudo na perspectiva de uma aprendizagem decolonial, ao identificar de que maneira as danças africanas influenciaram a cultura brasileira e em especial o tema em questão. Problematiza as mazelas político-sociais herdadas da exploração colonialista no Brasil e aponta para a legitimação das manifestações culturais de matriz africana enquanto ações de resistência e construção de saberes e aprendizagens. A base teórica com a qual trabalhamos transita na pedagogia freireana (FREIRE, 1998); bem como na perspectiva de retomada da “abordagem triangular” (BARBOSA, 2010) como base epistemológica. Para reflexões no que se refere ao ensino da prática da dança, utiliza-se VIEIRA (2007) e MARQUES (2003). Na contextualização histórico-social do tema em uma perspectiva antropológica e sociológica do corpo brasileiro, do ritmo africano e da diversidade, da materialidade desse ritmo e de suas relações, busca-se a fundamentação em SODRÉ (1998). Os mecanismos institucionais brasileiros que estabelecem a obrigatoriedade da História e Cultura Africana e Afrobrasileira nas escolas, através da abordagem da Lei 10.639 (BRASIL, 2003). NETO (2017) foi utilizado para aprofundar, na história do samba, as relações sociopolíticas e musicais que o tema trava com outras referências na história do Samba (LOPES; SIMAS, 2020). Para abordagem do contexto sociopolítico racial, nos fundamentamos em HOOKS (2017). Essa base teórica nos levou à necessidade de compreensão da diáspora africana e do projeto da (de)colonização e racialização que o povo diaspórico empreende na América, através da obra de FANON (2008). Trata-se de pesquisa qualitativa, alicerçada na pesquisa-ação por adotar uma intervenção no espaço escolar e sistematização da experiência, que aproxima o campo vivencial de uma práxis de ensino decolonial.