Estado nutricional e hormônios relacionados com o apetite em crianças e adolescentes com leucemia durante a fase de indução da quimioterapia.
Crianças, Adolescentes, Regulação do Apetite, Leucemia-Linfoma Linfoblástico de Células Precursoras.
O câncer corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as Leucemias, e a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) é a mais prevalente. A desnutrição evidenciada nesses pacientes está relacionada a síndrome da anorexia-caquexia desencadeada pela doença, mas também nas alterações do apetite, que ocorrem durante o tratamento quimioterápico e interferem no estado nutricional bem como na resposta a terapia antineoplásica. Embora seja reconhecido a possível influência dos hormônios relacionados ao apetite sobre as alterações no consumo alimentar de pacientes com LLA durante o tratamento quimioterápico, poucos estudos na literatura investigaram as alterações hormonais em pacientes com câncer infanto-juvenil. Diante disso, o objetivo desse estudo foi avaliar o estado nutricional e os níveis dos principais hormônios relacionados ao apetite em crianças e adolescentes portadoras de Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) na fase de indução do tratamento quimioterápico. Para atingir o objetivo, foram acompanhadas 14 crianças ou adolescentes com o diagnóstico de LLA durante os 28 dias do ciclo de indução do tratamento quimioterápico. No momento basal (antes do início da quimioterapia), na metade e ao final desse ciclo foram realizadas avaliações de estado nutricional antropométrico, do consumo alimentar e dietético de 24 horas sob a forma de registro pesado, e dos marcadores bioquímicos e hormonais. Foram avaliados os seguintes hormônios relacionados ao apetite: leptina, grelina, insulina e cortisol. A maioria dos pacientes apresentava eutrofia no início do tratamento, e este diagnóstico não foi alterado de forma significativa durante o ciclo de indução. O consumo alimentar e dietético apresentou um aumento ao longo do ciclo, especialmente em relação ao consumo de proteínas e lipídeos do início para o final do tratamento. Em relação aos parâmetros bioquímicos, observou-se que os pacientes apresentaram aumento significativo nos parâmetros das plaquetas e na transaminase glutâmica pirúvica, assim como redução significativa nos níveis de glicemia, creatinina e o sódio. Sobre os hormônios relacionados ao apetite, observou-se alteração estatisticamente significativa apenas na concentração de grelina, que apresentou um aumento entre os momentos basal e meio do ciclo (p=0,027), mas não do meio para o final do ciclo. Em conclusão, o período de indução do tratamento da LLA provocou um aumento no consumo de energia e nutrientes, assim como um aumento na concentração de grelina, mas sem repercussão sobre o estado antropométrico dos pacientes ou nos outros hormônios relacionados ao apetite.