IMPACTO DA PANDEMIA DA COVID-19 NO PERFIL DE RESISTÊNCIA BACTERIANA EM UM HOSPITAL DA CIDADE DO NATAL-RN
Antibióticos; Covid-19; Infecção relacionada à saúde; Resistência bacteriana; Coinfecção; Multirresistência.
A emergência da Covid-19 trouxe um cenário epidemiológico e sanitário incerto, acarretando no aumento do uso de antimicrobianos de forma empírica como prevenção de possíveis infecções bacterianas adquiridas de forma secundária à infecção viral em pacientes internados em UTIs. Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto da pandemia da Covid-19 no perfil de resistência bacteriana em um hospital da rede privada localizado na cidade do Natal-RN. Trata-se de um estudo transversal descritivo de natureza retrospectiva, no qual foi avaliado o perfil de resistência de isolados bacterianos provenientes de pacientes internados em um período de três anos, abrangendo períodos pré-pandemia e de pandemia. Através das planilhas de notificação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do hospital estudado, constatou-se 4.330 (92,3%) culturas positivas para bactérias nos três anos avaliados. Os isolados bacterianos apresentaram distribuição igual entre pacientes do sexo feminino e masculino, com maior prevalência em hemoculturas (31%) e uroculturas (29,3%) e provenientes das UTIs (43,2%). Os pacientes com Covid-19 apresentaram 12,1% de coinfecção bacteriana. As bactérias mais prevalentes foram as Gram negativas Klebsiella spp. (26,5%), Pseudomonas spp. (22,4%) e Escherichia coli (11,6%). Dentre as Gram positivas, os Staphylococcus spp. foram os mais prevalentes (27,1%). A multirresistência foi observada em 2.767 (63%) das bactérias com as seguintes prevalências: Acinetobacter spp. 110 (86,8%), Pseudomonas spp. 679 (69,9%), Staphylococcus spp. 960 (81,8%) e Klebsiella spp. 692 (60,1%). Foi verificado uma associação estatisticamente significativa (p<0,001) da multirresistência com o período da pandemia (2020-2021) assim como, com os pacientes diagnosticados com COVID-19 (p=0,001). Esses resultados mostram que a COVID-19 pode implicar num possível aumento da circulação de cepas bacterianas mais resistentes no hospital estudado nos anos que se seguem, caso medidas de controle mais específica não sejam tomadas.