Distribuição do bobo-pequeno (Puffinus puffinus) na Costa da Bacia Potiguar, Nordeste brasileiro: Análise Espaço-Temporal e correlação com achados de causa mortis.
Puffinus puffinus, encalhe, Necropsia, Histologia Gonadal, Histologia Gastrointestinal
A ave Puffinus puffinus é uma espécie migratória que, durante a época não-reprodutiva, realiza sua migração para o Atlântico Sul, atravessando o Hemisfério por volta do mês de setembro. A zona costeira do Nordeste brasileiro, em particular a Bacia Potiguar (Entre o Rio Grande do Norte e Ceará), é reconhecida como um ponto crucial nas rotas migratórias de aves marinhas. Nessa região, o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP – BP) registra anualmente diversos espécimes de aves, vivos e mortos, que encalham ao longo desse litoral. Este estudo tem como objetivo analisar o padrão espaço-temporal dos encalhes da espécie Puffinus puffinus na costa do Rio Grande do Norte e Ceará, além de identificar as causas de morte e realizar diagnósticos histológicos para esses espécimes, através da análise dos dados do PMP-BP, coletados pelo monitoramento diário no período de 2011 a 2022. Os animais vivos foram encaminhados ao Centro de Reabilitação de Fauna Marina do Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PCCB-UERN), em Areia Branca/RN, enquanto os animais mortos foram submetidos à necropsia no Laboratório de Biota Marinha da UERN, onde foram coletadas amostras de órgãos com alterações macroscópicas e gônadas para sexagem. O material coletado foi processado histologicamente no Laboratório de Morfofisiologia dos Vertebrados, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Registraram-se 66 indivíduos durante o período monitorado, sendo 14 machos, 17 fêmeas e 35 com sexo indeterminado. Dentre eles, 43 foram classificados como adultos e 12 como juvenis. A análise espaço-temporal revelou que 33 animais encalharam tanto no estado do Ceará quanto no Rio Grande do Norte, no período de setembro a fevereiro. Na análise de causa mortis, identificou-se que o lixo, o trauma mecânico e a contaminação por óleo, categorias de origem antropogênica, totalizaram aproximadamente 33%. Outras causas incluíram esgotamento energético, sepse e parasitose. A interpretação e organização dos laudos de necrópsia somados a análise histológica de tecidos oferecerão respostas mais completas dentro do campo de estratégias de conservação a favor desses animais.