AÇÃO NEUROPROTETORA DA AYAHUASCA NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DE SAGUIS (Callithrix jacchus) INDUZIDOS A UM ESTADO DEPRESSIVO
Transtorno depressivo maior, Sagui, Córtex pré-frontal, Ayahuasca, Estereologia
O Transtorno depressivo maior pode se apresentar em episódio único ou recorrente, podendo durar dias, sendo os sintomas diversos que influenciam nas relações do cotidiano. Uma das principais causas para esse transtorno é o estresse crônico, e a resposta biológica a esses estressores pode ocasionar uma desregulação na resposta humana. Essa diversidade nas possíveis causas da depressão conduz a outros focos de estudos, e nosso grupo objetiva identificar a competência neuroprotetora da Ayahuasca ao encéfalo de sagui (Callithrix jacchus) submetido a um protocolo de estresse crônico induzido. Os resultados foram avaliados através da estereologia aplicada em cortes histológicos. Foram utilizados 4 machos e 4 fêmeas, alocados em 3 grupos, sendo 02 no grupo família (GF), 02 no grupo isolado (GI) e 04 no grupo tratado (GT), todos selecionados de forma aleatória. Selecionamos apenas espécimes em fase juvenil I e II equivalente a 7 a 9 meses de vida. O registro comportamental foi colhido pelo método de amostragem focal contínua, coletando frequência e/ou duração de comportamentos. Uma fração (1/6) das seções obtidas foram submetidas a coloração histológica com técnicas de Nissl, usando tionina como corante. Para a estimativa dos parâmetros morfoquantitativos foi utilizada a estereologia, técnica de quantificação histológica tridimensional. Dentre os comportamentos, não constatamos diferenças significativas entre os grupos na fase experimental, exceto na ingestão de alimento (H(2) = 6,00, p = 0,050). Quanto ao volume total do córtex pré-frontal (CPF), não foi encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 3,00, p = 0,223). No que diz respeito a densidade neuronal, visualmente apresentava ser mais intensa no GF e GT em comparação ao GI nas três áreas do córtex pré-frontal selecionadas. Com relação ao volume médio neuronal do córtex pré-frontal medial (VN-mCPF), não foi encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 4,00, p = 0,135); no volume médio neuronal do córtex pré-frontal dorsolateral (VN-dlCPF), não foi encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 4,50, p = 0,105); no volume médio neuronal do córtex pré-frontal dorsolateral (VN-dlCPF), não foi encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 4,50, p = 0,105). Nesse estudo observamos uma redução sutil no volume do córtex pré-frontal do sagui quando comparamos o GF com o GI, o que pode ser corroborado por alguns comportamentos, dependentes do comando social, que também apresentaram redução. No mCPF e no dlCPF observamos uma redução de em média 25% na densidade neuronal quando comparamos o GF com o GI, já quando comparamos o GF com o GT observamos similaridade nas quantidades. A atrofia de neurônios do córtex pré-frontal é associado a transtornos depressivos e ansiedade, esta característica foi identificada em saguis do GI das três regiões do CPF (medial, dorsolateral e ventral), sugerindo ser um marcador do estado depressivo. Estes resultados apontam que a Ayahuasca proporcionou uma proteção no volume total do córtex, assim como na densidade e no volume neuronal dos saguis, em relação as modificações causadas pelo estado depressivo. Portanto, são necessários mais estudos para entender os mecanismos subjacentes e determinar se o chá de ayahuasca tem potencial como intervenção preventiva da depressão.