Potencial anti-inflamatório de micropartículas contendo Triancinolona no modelo de colite ulcerativa experimental.
Triancinolona, colite ulcerativa, micropartículas, histopatologia
A doença inflamatória intestinal (DII) engloba um espectro de distúrbios inflamatórios crônicos e é classificada em dois subtipos principais: Colite Ulcerativa (UC) e Doença de Chron (DC). O tratamento da UC baseia-se no uso de anti-inflamatórios, mas estes medicamentos na sua forma convencional geram inúmeros efeitos adversos, o que estimula o desenvolvimento de pesquisas focadas na busca por novas terapias e tecnologias aplicadas aos fármacos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade de micropartículas revestidas por Biopolímeros de quitosana e goma guar contendo como princípio ativo a triancinolona, no intuito de observar a resposta anti-inflamatória nos parâmetros macro e microscópicos da mucosa intestinal, bem como, a atividade da doença em resposta ao modelo experimental de colite ulcerativa induzida por ácido acético a 4% em ratos Wistar. Foram utilizados 56 animais divididos em 08 grupos, sendo G1: Controle negativo (ausência de colite + 1mL/dia solução salina), G2: Colite (colite e ausência de tratamento), os grupos tratados, G3: Sulfassalazina (SSZ) (colite + 500mg/Kg/dia fármaco), G4: Triancinolona (TR) livre (colite + 5mg/Kg/dia fármaco), G5: TR livre (colite + 10mg/Kg/dia fármaco), G6: TR livre (colite + 15mg/Kg/dia fármaco), G7: Micropartícula de triancinolona (colite + 15mg/Kg/dia fármaco) e o grupo G8: Biopolímeros (Colite + veículo Quitosana-Goma guar). O experimento teve duração de oito dias e a indução da colite aconteceu no terceiro dia. Os tratamentos foram administrados todos os dias do experimento, exceto no 8º dia, no qual os animais foram eutanasiados para posterior análise macro e microscópica do colón. Os resultados obtidos quanto ao parâmetro de avaliação macroscópica mostraram que o menor grau de lesão, com exceção do grupo Controle negativo, foi encontrado no grupo dos Biopolímeros (escore 2,7) quando comparado aos demais grupos: Colite (escore 7,3), SSZ (escore 3,2), TR 5mg (escore 7,1), TR 10mg (escore 4,4), TR 15mg (escore 3,3) e Micropartícula TR (escore 3,7). Na análise estatística desse parâmetro os grupos tratados com SSZ 500mg/Kg/dia, TR 15mg/kg/dia, Micropartícula TR 15mg/Kg/dia e Biopolímeros (veículo da micropartícula) diferiram estatisticamente quando comparadas ao grupo Colite (p<0,05), sendo esta diferença mais significativa no grupo dos Biopolímeros (p<0,01). Na análise da perda de peso, o grupo Micropartícula TR reduziu entre 8 a 12% esse parâmetro quando comparado aos grupos da Triancinolona livre, diferindo estatisticamente (p<0,05), sugerindo que a tecnologia empregada foi satisfatória quanto a redução desse efeito adverso. Na avaliação histopatológica o grupo TR 15mg/kg/dia obteve o menor dano tissular, evidenciando o potencial anti-inflamatório do fármaco livre. Diante dos resultados sugere-se que a nanotecnologia com o uso das micropartículas foi capaz de reduzir efeitos adversos, como a perda de peso e, além disso, obteve resultados com potencial efeito anti-inflamatório, apesar da liberação de apenas 69% dos 15mg da triancinolona encapsulada em 24 horas. Assim, os estudos voltados para aplicação da nanotecnologia e novos ativos devem crescer e ampliar com intuito de buscar novas terapias e elucidar mecanismos de ação ainda não descobertos.