MORFOLOGIA E MORFOMETRIA EPIDIDIMÁRIA DO MORCEGO Artibeus planirostris (CHIROPTERA: PHYLLOSTOMIDAE)
Sazonalidade reprodutiva, morcegos, morfometria epididimária.
Embora os estudos sobre a biologia reprodutiva de morcegos tenha se intensificado no Brasil, para muitas espécies e em várias regiões do país as informações ainda são escassas, como é o caso de Artibeus planirostris. Objetivou-se assim compreender os parâmetros reprodutivos desta espécie a partir da análise morfológica e morfométrica do epidídimo. Foram utilizados 16 animais adultos, coletados durante as estações seca (n=08) e chuvosa (n=08) de 2014. As capturas foram realizadas ao anoitecer no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal-RN), utilizando-se redes de neblina. Eutanásia por perfusão transcardíaca foi realizada para coleta dos epidídimos, seguido de processamento histológico para inclusão em historesina e análise sob microscopia de luz. Análises morfométricas dos componentes do parênquima epididimário foram realizadas a partir de captura de imagens das lâminas histológicas. Os animais apresentaram peso corporal médio de 40,19±2,54g e 42,21±3,06g e peso epididimário médio de 0,02±0,01g e 0,02±0,00g, respectivamente nas estações seca e chuvosa. A avaliação morfológica preliminar do epidídimo de 6 espécimes coletados na estação seca revelou que o órgão apresentou-se dividido em 4 regiões principais: segmento inicial, cabeça, corpo e cauda. O parênquima apresentou-se composto predominantemente pelos túbulos epididimários, sustentados por tecido conjuntivo intertubular. Os túbulos foram constituídos por epitélio pseudoestratificado cilíndrico com estereocílios apoiado sobre uma membrana basal e lúmen. O epitélio foi composto pelas células principais, basais, estreitas, apicais, halo e claras, sendo que a primeira e a última apresentaram, respectivamente, maior e menor distribuição em todas as regiões do epidídimo. O epitélio representou o maior percentual do parênquima na cabeça (45,98±4,54%) e corpo (44,96±2,66%), enquanto que na cauda seu percentual foi semelhante ao do lúmen com espermatozoides (27,61±7,03% e 28,09±6,37%, respectivamente). Do segmento inicial até a cauda notou-se gradativo aumento no percentual do lúmen com espermatozoides, diâmetro dos túbulos e fibras musculares peritubulares, bem como diminuição na altura do epitélio. Conclui-se que o epidídimo de A. planirostris apresentou-se semelhante ao descrito para outros mamíferos, com um padrão morfológico diretamente relacionado à capacidade de armazenamento de espermatozoides desempenhada por este órgão. A abundância de espermatozoides no lúmen mostrou intensa atividade epididimária durante o verão no nordeste brasileiro.