EXPERIÊNCIAS DE ESTUDANTES FACE À PERDA PERINATAL: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DA RESIDÊNCIA MÉDICA EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Formação em Saúde; Obstetrícia; Cuidado perinatal; Morte perinatal.
A Maternidade, geralmente, está relacionada com nascimento, vida, sonhos realizados. No entanto, muitas vezes, a morte se impõe levando pais e profissionais a vivenciarem situações de angústias e frustração. Óbitos perinatais são aquelas que ocorrem no período que começa na 22ª semana de gestação e termina sete dias completos após o nascimento, englobando mortes fetais (in útero) e mortes neonatais. Pesquisas envolvendo a formação e atuação de profissionais de saúde no atendimento a situações que envolvem morte e luto são escassas. Assim, torna-se relevante conhecer a experiência dos médicos residentes em Ginecologia e Obstetrícia que atuam diariamente no acolhimento a perda perinatal nas maternidades do Estado. Trata-se de um estudo, de abordagem qualitativa, descritivo e exploratório, de recorte transversal. Os participantes da pesquisa foram 10 residentes do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que atuam no acolhimento a mulheres e famílias em situação de perda perinatal. A construção dos dados ocorreu por meio da realização de entrevistas individuais, orientadas por roteiro semiestruturado. O conteúdo das entrevistas foi transcrito, organizado e codificado, objetivando o agrupamento de trechos de relatos similares. Em seguida, o produto foi analisado por meio da técnica de análise temática. Após a análise do material, emergiram quatro temáticas, a saber: Formação em saúde para o cuidado de mulheres com perda perinatal; Papel do profissional obstetra frente a situações de perda perinatal; Estratégias de intervenções utilizadas pelos residentes; Dificuldades dos profissionais no serviço. Os resultados revelam que os residentes reconhecem não ter formação específica para o acolhimento de mulheres com perda perinatal, durante o período de especialização, necessitando do apoio de um preceptor treinado e da instituição. Os entrevistados compreenderem que o papel do obstetra nesse contexto consiste, sobretudo, em comunicar o óbito à família, esclarecer a sua provável causa, realizando orientações em relação a futuras gestações. Dessa forma, compreende-se a relevância de refletir sobre a formação de profissionais de saúde no que tange às competências desenvolvidas no processo de formação profissional na experiência da graduação e na pós-graduação, bem como a necessidade de diretrizes institucionais que orientem os profissionais do serviço em suas intervenções e ações de preceptoria que envolvam o acolhimento de mulheres em situação de perda perinatal.