A coleta do exame citopatológico do colo uterino: percepções de estudantes e usuárias
Estudantes de enfermagem; Estudantes de medicina; Ensino; Atenção primária à saúde; Saúde da mulher
O exame citopatológico (Papanicolau) é essencial para a identificação de células anormais no colo do útero, desempenhando papel fundamental na prevenção do câncer. No contexto da realização desse exame por enfermeiros do sexo masculino, torna-se relevante compreender as percepções e sentimentos de futuros profissionais de saúde, como estudantes de enfermagem e medicina, bem como das mulheres usuárias dos serviços de saúde, que interagem diretamente com essa prática. Destaca-se que as barreiras culturais e sociais relacionadas a essa prática estão profundamente arraigadas, demandando estratégias eficientes para impulsionar mudanças de forma mais ágil e consistente. Nesse sentido, o presente estudo objetivou compreender a percepção dos estudantes de enfermagem e medicina e das usuárias da UBS sobre o exame citopatológico (colo do útero) ser realizado pelo profissional enfermeiro.Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória e de abordagem qualitativa, realizada em uma UBS. A coleta de dados foi conduzida por meio de entrevistas com questionários semiestruturados e grupos focais (GF), dividindo-se o estudo em duas etapas. A análise dos dados utilizou a técnica de análise de conteúdo temática categorial proposta por Bardin. Os GF realizados com estudantes de Enfermagem e Medicina resultaram na identificação de duas categorias principais, subdivididas em quatro subcategorias, totalizando 52 unidades de análise. Já a análise das entrevistas com as usuárias da UBS revelou duas categorias, desdobradas em três subcategorias, com um total de 71 unidades de análise. Os resultados destacaram percepções instigantes sobre a coleta do exame citopatológico por enfermeiros do sexo masculino. Na percepção dos estudantes, foram evidenciados desafios relacionados à aceitação dessa prática e às barreiras socioculturais enfrentadas pelos profissionais, reforçando a importância de estratégias para minimizar essas dificuldades e promover maior aceitação. Já na perspectiva das usuárias, emergiram sentimentos de desconforto e resistência associados a influências culturais e normas sociais, apesar do reconhecimento da relevância do exame para a prevenção de doenças ginecológicas. Ambas as perspectivas apontam para a necessidade de estratégias que reduzam preconceitos socioculturais e fortaleçam a formação dos futuros profissionais. Assim, a pesquisa amplia o entendimento sobre os fatores que impactam a realização do exame citopatológico por profissionais masculinos e fornece subsídios para aprimorar a formação dos estuantes e atuação no contexto da atenção básica. A construção de produtos educativos poderão ajudar neste processo.