OS LADOS DA MESMA MOEDA: REGENTE VERSUS REGENTE-COMPOSITOR NO BALÉ PÁSSARO DE FOGO DE IGOR STRAVINSKY- UMA ANÁLISE TÉCNICO-INTERPRETATIVA
Interpretação Musical. Regência Orquestral. Análise de Vídeos. Sonic Visualiser.
O presente estudo expõe uma discussão a respeito da ação de dois personagens, que se propõem à uma mesma função e condição de direção musical (maestro), são eles: O Regente-Autônomo e o Compositor-Regente. Na primeira parte restringimos os levantamentos históricos aos compositores (também regentes) e regentes (autônomos). Como objetos de estudo tivemos as performances gravadas em vídeos de Seiji Ozawa (1935) e Ígor Stravinsky (1882 – 1971), onde temos respectivamente a personificação de um caso da, aqui tratada, pseudo dicotomia do maestro: Regente-Autônomo e o Compositor-Regente. Nos ancoramos em autores como Farberman (1997), Green (1987), Lago (2002), Rudolf (1969), Rocha (2004) e Scherchen (1989) entre outros, para questões teóricas e técnicas da regência orquestral, além dos aspectos históricos referentes a ocupação do cargo de direção e condução de grupos orquestrais. As análises se deram em trechos de áudios/vídeos pré-selecionados através de um sistema próprio de separação e escolha dos objetos e pontos de estudo, após as escolhas utilizamos andamento e dinâmica como parâmetros. Nesse processo empregamos como ferramenta tecnológica para a obtenção de dados o software livre Sonic Visualiser, que se mostrou bastante útil ao trabalhar com áudio orquestral, o que difere de sua proposta original em análises de instrumentos solo. Tais dados foram relacionados ao gestual dos personagens através da ferramenta PatternCube, do autor Harold Farberman. A parte final, a partir dos dados obtidos, revelou diferenças e similaridades entre as duas visões. Observamos que à não fidelidade às indicações de andamento e dinâmica ocorrem nos dois casos, porém de formas diversas, o que pode se explicar também pelas diferenças gestuais. Entre as observações, foi notado que, no caso de Stravinsky os gestos aparentemente inexatos não geraram grandes perdas à execução musical por conta da competência musical do grupo, e que Ozawa, com gestos mais definidos e ativos, detêm uma performance mais próxima ao texto musical.