DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA E CANINA NO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL, 2019-2023
Leishmaniose visceral; Distribuição espacial; Aspectos epidemiológicos; Saúde Pública.
O estudo retrospectivo descreve a distribuição espaço-temporal e as variáveis clínico-epidemiológicas dos casos autóctones de Leishmaniose Visceral Humana (LVH) e canina (LVC) no estado do Rio Grande do Norte (RN), e no município de Natal/RN, no período de 2019 a 2023. Os dados de LVH foram extraídos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Enquanto, os dados de LVC e flebotomíneos foram da Unidade de Vigilância de Zoonoses de Natal/RN (UVZ-Natal). As variáveis observadas foram o número de casos, taxa de incidência (TI), taxa de letalidade (TL) e o perfil epidemiológico no período de 2019-2023. As análises espaciais realizadas foram a taxa de incidência de LVH e LVC para visualizar a distribuição espacial: Local Indicator for Spatial Autocorrelation (LISA) e identificar a presença de autocorrelação espacial; Kernel density estimation (KDE) para localizar os aglomerados espaciais das taxas de LVH e LVC; mapa de varredura espacial (Scan) para localizar os aglomerados espaço-temporal dos casos com significância estatística. A distribuição de casos LVH foi observada em 30/167 municípios do estado do RN no período de 2020-2022 e os municípios com número de casos mais elevados foram: Natal com 46,9% (204/435) e Mossoró com 6,4% (28/435). A taxa de infecção de LVH foi progressivamente reduzindo de 2019-2021 enquanto a TL ficou inversamente proporcional com percentuais mais elevados em igual período. Quanto ao perfil epidemiológico da LVH no estado, a maioria dos individuos era do sexo masculino (75,6%), faixa etária de 20 a 59 anos (72,4%), raça parda (68,5%), com ensino fundamental (44,1%) e co-infecção com HIV (34,9%). No município de Natal/RN, a análise de KDE identificou aglomerados dos hotspots com cluster de elevada densidade e o LISA padrão alto-alto estavam concentrados na zona Norte para LVH e LVC. O Scan para espaço temporal para LVC identificou dois aglomerados: zona Norte e parte da Leste, para LVH mostrou um aglomerado significativo no bairro Redinha (zona norte). O perfil das análises no espaço temporal mostrou risco mais elevado entre as taxas de infecção humana e canina, nas zonas norte e leste do município. O estudo identificou que os padrões espaciais da distribuição da LV continuam sendo um agravo à saúde no estado do RN. A dispersão da LVC e LVH foi heterogênea, com ênfase nas áreas periféricas no município de Natal/RN.