“EU NÃO SEREI INTERROMPIDA”: UMA ANÁLISE DA ATUAÇÃO DAS PARLAMENTARES NEGRAS NO BRASIL
Parlamentares negras, Atuação política, Conjuntura brasileira.
As marcas deixadas pela escravidão ainda persistem na realidade da população negra no Brasil, especialmente das mulheres negras que sofrem com os atravessamentos da opressão e da exploração trazendo implicações econômicas, sociais e políticas em suas vidas. Marielle Franco foi uma das mulheres negras que lutou contra esses atravessamentos e sempre foi uma defensora incansável dos direitos humanos, especialmente das mulheres e dos(as) negros(as), mas sua atuação política foi interrompida em março de 2018 quando o Brasil recebeu a notícia dos assassinatos desta e do seu motorista, Anderson Gomes. Dessa forma, justifica-se essa pesquisa pela importância de evidenciarmos a atuação das parlamentares negras, mesmo que estas ainda possuam uma baixa representação nos espaços institucionais da política brasileira. Assim, objetiva-se analisar a atuação das parlamentares negras eleitas no Brasil para os mandatos que irão de 2019 a 2022 para examinar em como a participação das parlamentares negras eleitas no Brasil favorecem as pautas propostas pelo movimento negro e pelo movimento de mulheres; evidenciar as principais pautas dos projetos de lei, audiências e ações propostos e a importância desses para conjuntura atual e; identificar os desafios e as problemáticas da atuação parlamentar das deputadas nessa conjuntura; Utilizou-se os pressupostos do materialismo e da dialética marxiana, bem como as leituras de pensadoras feministas negras. Inicialmente, mapeou-se o quantitativo de proposições apresentada pelas parlamentares na Câmara Legislativa e seus blocos temáticos. Após isso, destacou-se as proposições abordavam as temáticas relacionadas a gênero e a raça, nas quais o combate à violência doméstica esteve em evidência. Porém, o enfrentamento ao racismo ainda aparece em um número reduzido de proposições. Além disso, a violência política de gênero incide sobre a vida de algumas parlamentares, o que torna necessário uma luta constante para a ocupação dessas mulheres nesses espaços.