MODOS DE VIDA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: DISPUTAS E RUPTURAS NO COTIDIANO DA CIDADE, EM PETROLINA-PE
População de rua; Cidade; Etnografia; Cotidiano; Políticas Públicas;
Neste estudo, propomo-nos a refletir sobre a ocupação do espaço da cidade pela população em situação de rua, discutindo sobre este fenômeno para além do lugar de carência e privação. Considera-se a possibilidade de reinvenção de territórios físicos e existenciais que a população de rua anuncia, ao deslocar as construções identitárias instituídas nas relações que ditam o universo do trabalho e da casa. A pesquisa foi realizada na cidade de Petrolina/PE e tomou contornos a partir do objetivo geral de investigar os modos pelos quais a população de rua reinventa a si e ao território no espaço da cidade. Teve como objetivos específicos 1 - Caracterizar os modos de vida da população de rua em seu cotidiano na cidade; 2 - Discutir as relações estabelecidas entre a população de rua com o espaço da cidade no contexto da pandemia da Covid-19; 3 - Conhecer a relação da população de rua com os dispositivos da rede de saúde e outras redes; 4 - Mapear saberes e práticas de resistência tecidas pela população de rua na relação com o território. Para isso, aproximamo-nos da etnografia e da cartografia enquanto métodos, utilizando-me da observação participante/participação observante por meio do acompanhamento das atividades do Consultório na Rua, por aproximadamente seis meses, no período de julho a dezembro de 2020, compondo a partir disso diários de campo utilizados para a tessitura das análises que se desenrolaram dessa experiência. A partir dessas reflexões, foram construídos 3 eixos analíticos em que teoria e campo se interseccionam, trazendo experimentações vivenciadas no território, sendo estes 1- População de Rua e a normatização do espaço citadino, 2- População de rua e cotidiano: disputas e rupturas em uma cidade do sertão nordestino, 3 - Políticas públicas e reinvenções do cuidado na cidade: redes e cotidiano da População de Rua em Petrolina-PE. Conhecemos, assim, como a cidade influencia a conformação da população de rua e sua ordenação em uma cidade do sertão pernambucano, ao tempo em se refletiu sobre como a população de rua também produz a cidade, por meio da subversão de sentidos normatizados, a partir de invenções que povoam o cotidiano e que buscam atender as necessidades e desejos desse público. Refletiu-se também sobre as práticas das políticas públicas voltadas para a população de rua em Petrolina, discutindo-se possibilidades de que estas não se reduzam à estruturação dos serviços enquanto dispositivos de controle.