Cultura, território e cidadania: um estudo sobre as políticas culturais na cidade de Natal
Políticas culturais; Psicologia Ambiental; Cidadania cultural; Território.
Este projeto investiga as políticas culturais em Natal à luz da cidadania cultural e da sua distribuição espacial, considerando seu impacto para as relações pessoa-ambiente nos territórios da cidade. Empreende-se uma discussão a partir do panorama histórico sobre desigualdades socioespaciais no Brasil, em consonância com a conceituação de espaço, território e cidadania do geógrafo Milton Santos, cidadania cultural da filósofa Marilena Chauí e o conceito de apropriação pela ótica da Psicologia Ambiental. Nesse sentido, as políticas culturais são um exemplo concreto de como o Estado pode agir de modo a ampliar (ou desestimular) a cidadania concretizada em
territórios, auxiliando (ou não) no incentivo da apropriação comunitária via equipamentos e expressões culturais e artísticas. Especificamente, Natal é caracterizada por diferenças notáveis entre suas zonas administrativas em relação às condições socioeconômicas e de oferta de espaços públicos de lazer e cultura. Porém, os estudos locais já realizados sobre políticas culturais não discutem a questão da distribuição territorial igualitária associada aos projetos culturais financiados publicamente. Realizou-se uma pesquisa documental, que investigou e mapeou 6 seleções públicas (editais) de fomento direto entre 2016-2019. Os mapas indicaram a existência de concentração de projetos culturais realizados no centro histórico (notadamente a Cidade Alta) e em bairros da zona sul, de modo que a espacialização das políticas culturais de fomento direto reafirma desigualdades socioespaciais históricas existentes na capital potiguar. Na segunda etapa metodológica, elaborou-se um painel de especialistas que integrou entrevistas semiestruturadas com 11 agentes do setor cultural com histórico de atuação na cidade. Como resultados preliminares, os especialistas apontam para a inexistência de políticas culturais permanentes e reparadoras para os grupos de territórios periféricos, assim como uma situação crítica dos equipamentos culturais e financiamento de eventos.