A literatura como recurso de intervenção psicológica para o enfrentamento do câncer infantil
Câncer infantil; Luto infantil; Literatura infantojuvenil; Biblioterapia; Morte.
Ao longo do tratamento oncológico, mesmo com altos índices de cura e sobrevida, as crianças precisam lidar com a possibilidade da própria morte e com a finitude de amigos de tratamento. Na infância, além de dolorosa, a morte é um processo difícil de compreender, pois os adultos costumam ter dificuldade de conversar com a criança, acreditando protegê-la. Em função disso, pode haver aumento da ansiedade, solidão e angústia, além de prejuízos no desenvolvimento infantil. Assim, é necessário oferecer cuidado integral, através de suporte psicossocial e lúdico, utilizando-se de recursos, como os livros infantojuvenis, objetivando a qualidade de vida e o desenvolvimento psicossocial infantil. Diante disso, propõe-se a elaboração e a validação de livro sobre luto infantil para o enfrentamento da morte de amigos de tratamento oncológico. Para tanto, realizou-se uma pesquisa dividida em sete etapas: (1) definição do tema do livro; (2) delimitação e (3) organização do conteúdo do livro; (4) avaliação do conteúdo do livro por especialistas e público-alvo; (5) adequação, (6) reavaliação, (7) finalização e apresentação do conteúdo do livro. Esses dados foram apresentados em quatro estudos, que apontaram que crianças com câncer, familiares e profissionais vivenciam desafios, mas também se desenvolvem durante o processo; as situações estressoras podem ser menos dolorosas e traumáticas, se houver apoio e cuidado lúdico. Ademais, constatou-se que o conteúdo do livro elaborado a partir dos estudos realizados foi considerado 100% compreensível e adequado, e predominantemente claro para crianças de seis a 12 anos. Concluiu-se que o conteúdo do livro está adequado para intervenções no luto infantil em diferentes contextos, que as intervenções lúdicas representaram fatores de proteção e que o papel do adulto é acompanhar e fornecer apoio, ajudando a criança a compreender, expressar as suas emoções e a lidar com os desafios inerentes ao contexto oncológico.