FUNÇÕES EXECUTIVAS E PERFIL COMPORTAMENTAL E SOCIOEMOCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOBREVIVENTES DE TUMORES NA FOSSA POSTERIOR
tumores de fossa posterior; neuropsicologia; oncologia pediátrica; funções executivas.
A despeito do elevado número de casos de câncer infanto-juvenil, especialmente nos últimos 30 anos, o aprimoramento e eficácia das estratégias terapêuticas têm repercutido em melhoria no prognóstico e no aumento significativo dos índices de sobrevida dessa população. Porém, no caso dos tumores de fossa posterior (TFP), é evidente a expressão de sequelas cognitivas, comportamentais e socioemocionais que impactam o desempenho acadêmico e a qualidade de vida dessas crianças. Assim, o objetivo geral deste estudo é investigar as funções executivas e o perfil comportamental e socioemocional de crianças e adolescentes sobreviventes de TFP. A pesquisa contempla dois estudos relativamente independentes: (1) Memória de trabalho de crianças e adolescentes sobreviventes de tumores de fossa posterior; e (2) Inibição, comportamento e habilidades sociais de pacientes pediátricos sobreviventes de tumores de fossa posterior. 24 sujeitos com idades entre seis e 16 anos compuseram o grupo clínico e 24 sujeitos saudáveis constituíram o grupo controle, pareados 1:1 em função do sexo, idade, tipo de escola e nível socioeconômico. Os participantes foram submetidos ao protocolo de avaliação neuropsicológica, com resultados analisados por ferramentas estatísticas descritivas e inferenciais e análise clínico-qualitativa. No estudo 1, os resultados evidenciaram rebaixamento nos escores em tarefas de memória de trabalho em crianças com TFP. Crianças e adolescentes tratados com quimioterapia e radioterapia apresentaram prejuízos mais severos. Adicionalmente, os dados mostraram que crianças cujo o diagnóstico e tratamento de TFP ocorreram antes dos 5 anos de idade, revelaram prejuizos mais acentuados na esfera verbal da memória de trabalho. No estudo 2, os resultados indicaram que sobreviventes pediátricos de TFP apresentam alterações no componente inibitório, nas habilidades sociais, além da presença de problemas de comportamento. Prejuízos mais acentuados foram verificados no grupo submetido à neurocirurgia acrescida de terapia adjuvante, quando comparados ao grupo controle. Crianças e adolescentes submetidos ao tratamento radioterápico evidenciaram maior incidência de retraimento social/depressão, problemas com o contato social e fragilidade atencional. Espera-se oferecer melhor compreensão da natureza e extensão do impacto do diagnóstico e tratamento dos tumores de fossa posterior sobre o desenvolvimento cognitivo, comportamental e socioemocional dos participantes, que possam servir a profissionais de saúde, educação e familiares que os assistem. Portanto, pretende-se fornecer dados que subsidiem a (a) proposição de tratamentos eficazes e menos danosos ao Sistema Nervoso Central e o (b) desenvolvimento de programas de intervenção que minimizem os seus impactos adversos, garantindo a essas crianças a expressão plena de seu potencial de desenvolvimento.