Violência contra a mulher e o Teatro do Oprimido e o Teatro das Oprimidas: construindo formas de intervenção social
violência contra mulher; Teatro do Oprimido; Teatro das Oprimidas.
Dentre os tipos de violência de gênero, a violência contra a mulher é a mais frequente no contexto brasileiro. Isso se dá apesar dos avanços normativos, da criação de mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e do estabelecimento de medidas para a prevenção, assistência e proteção às mulheres em situação de violência. Através do esquema de dominação-exploração-opressão, o cisheteropatriarcado exerce grande influência na vida das mulheres, em especial daquelas em situação de pobreza. O Teatro do Oprimido (TO) é um dispositivo emancipatório e alternativo que se propõe a questionar aspectos da coletividade. Através do TO, objetiva-se compreender os mecanismos pelos quais uma opressão se produz, a descoberta de táticas e estratégias para evitá-la e o ensaio dessas práticas. A partir da associação desses dois elementos e em busca da construção de meios libertadores, criativos, dialógicos para debater a violência contra a mulher, nasceu essa pesquisa. O estudo pretende analisar o Teatro do Oprimido como forma de intervenção social em casos de violência contra a mulher, bem como avaliar uma proposta metodológica de trabalho com base no método do TO, caracterizar e analisar os desafios de atuação com TO na atualidade e identificar as estratégias para a garantia dos pressupostos do trabalho com TO. Fazem parte desta pesquisa seis mulheres, curingas, atuantes no TO. Os procedimentos e instrumentos de construção de dados utilizados foram a avaliação de um planejamento de intervenção voltado para mulheres e a realização de entrevistas semiestruturadas. Os resultados demonstraram que o Teatro do Oprimido tem sua importância no debate acerca de opressões, mas apontam a relevância do Teatro das Oprimidas como uma estratégia relevante para discutir a consubstancialidade de gênero, raça e classe. Ambas as metodologias foram destacadas como meios para conscientização de si, das opressões presentes nas vidas dos sujeitos e da macroestrutura que sustenta essas opressões. Outrossim, foram apontadas como caminhos rumo à transformação tanto de contextos de vidas particulares quanto para a transformação social.