Política de Inserção de Psicólogos Egressos das Residências Multiprofissionais em Saúde na Docência
Psicologia; Residência Multiprofissional em Saúde; SUS; Docência; Ensino Superior .
Investigou-se as interferências das Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) nas trajetórias docentes de psicólogos. As RMS configuram-se como Pós-Graduação Lato Sensu, voltadas à formação em serviço a partir da Educação Permanente em saúde (EPS). Trata-se de uma pesquisa qualitativa orientada por autores das teorias pós-críticas da Saúde Coletiva, Psicologia e Educação. Foram identificados 51 psicólogos de programas de RMS de base comunitária, dentre os quais 23 atuam ou já atuaram na docência conforme plataforma Lattes. Foram entrevistados 17 egressos com idades variando entre 28 a 39 anos; em sua maioria com mais de 5 anos de formados em IES pública e privada; e com menos de cinco anos de término da RMS. Quanto ao tempo de docência, estão distribuídos entre mais de cinco anos de experiência docente; entre cinco e dois anos; e com menos de dois anos de experiência. A maioria acumula atividades de assistência à saúde e/ou assessoria técnica juntamente com a docência. As entrevistas semiestruturadas presenciais e à distância foram transcritas e categorizadas em quatro eixos: Trajetória Profissional, Contribuições das RMS, Práticas Docentes e Relação entre trajetória docente e RMS. Grande parte dos (as) egressos (as) iniciaram trajetória profissional nas políticas públicas ou pelas RMS. A experiência na RMS foi considerada “divisor de águas”, com o potencial de provocar uma torção ético-política-pedagógica diante do modelo hegemônico de formação em saúde e de acionar outros modos de fazer psicologia, produzindo engajamento e materialidadepara o trabalho docente. A trajetória docente é uma produção que não pode ser desvinculada do cenário de retração do mercado de trabalho no setor público, ampliação de vagas no setor educacional privado. Enquanto docente, enfrenta desafios em operacionalizar os princípios pedagógicos da EPS, especialmente, a resistência de professores e alunos às metodologias ativas de aprendizagem, os discursos da pedagogia tradicional e o descolamento teoria-prática.