OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E A EXPERIÊNCIA DA MORTE EM
UTI NEONATAL À LUZ DA FENOMENOLOGIA HERMENÊUTICA HEIDEGGERIANA.
Palavras-chave: Pesquisa fenomenológica, profissionais de saúde, UTI Neonatal,
morte, recém-nascido.
Atualmente a morte costuma ser apresentada como algo cotidiano e, ao mesmo tempo,
interditada. Cotidiano no sentido de fazer parte da vida, como um destino que iguala a
todos, independentemente da religião, cor, raça ou nível social. E interditada, pelo fato
de, na sociedade ocidental, ser ocultada, como algo indesejado em meio a uma cultura
que valoriza a vida e a juventude. Desde a transferência dos doentes para os hospitais,
foi delegado aos profissionais de saúde o papel de promover o cuidado aos pacientes.
Nesses contextos, a morte é evitada, podendo ser justificada pela ocorrência de falhas e
erros. E, em Instituições de saúde específicas, como as maternidades, menos se fala na
possibilidade da morte, apesar da sua presença em meio à vida. Com a evolução da
medicina, e a consequente ampliação das técnicas e tipos de equipamentos a serem
utilizados, as maternidades tornaram-se locais munidos de um aparato tecnológico
considerado necessário à manutenção da vida, concentrados em uma unidade
denominada UTI Neonatal. Entretanto, apesar de toda a estrutura, ocorrem eventos
adversos, inclusive a morte de recém-nascidos. Em meio a este contexto, os
profissionais de saúde, além de precisarem do conhecimento técnico e do entendimento
e cumprimento dos protocolos de segurança, ainda lidam com a angústia e o abalo
emocional, ao vivenciarem situações de morte e perdas no cotidiano de trabalho. Diante
do exposto, o presente estudo tem como objetivo compreender como os profissionais de
saúde, atuantes em UTI Neonatal, experienciam a morte de recém-nascidos. A
Maternidade Escola Januário Cicco, referência no estado do Rio Grande do Norte para a
gestação de alto risco, foi escolhida como campo de estudo. Como orientação
metodológica foi utilizada a fenomenologia hermenêutica heideggeriana e, como
possibilidade de escuta, a entrevista narrativa. Heidegger, ao conceber a ideia do
homem enquanto ser-no- mundo, considerou que não existe a dicotomia homem/mundo
e sim uma composição. O homem é no mundo, em um contexto histórico específico que
faz parte da sua existência. E, como ser-aí, aberto a possibilidades, é também, desde o
nascimento, um ser-para- a-morte. Foram realizadas 9 entrevistas com profissionais de
saúde atuantes na UTI Neonatal da MEJC (médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, psicólogos, fisioterapeutas). A análise das narrativas foi feita tendo como
inspiração o círculo hermenêutico. As análise feitas até o momento mostram
profissionais relatando sentimentos de frustração, impotência e tristeza diante da morte
de recém-nascidos. Também apontam as dificuldades existentes no cotidiano de
trabalho e as boas experiências vivenciadas. Compreender a morte como parte da vida
pode promover reflexões sobre as formas de tratamento destinado aos pacientes,
inclusive na identificação da necessidade dos cuidados paliativos. A importância deste
estudo está justamente na compreensão da experiência dos profissionais de saúde, com
o intuito de gerar contribuições para a comunidade acadêmica, a instituição hospitalar e,
consequentemente, para a assistência dos pacientes e de seus familiares.