O olhar infantil: como crianças de duas escolas natalenses percebem as mudanças climáticas globais
Mudanças climáticas globais, crianças, percepção ambiental, multimétodos
As Mudanças Climáticas Globais (MCGs), fenômeno ambiental que vem se popularizando
com o passar dos anos, são geralmente divulgadas e discutidas como Aquecimento Global
(AG), denominação esta que restringe o problema a um aumento na temperatura. Muito
além de tratar-se apenas de um aumento da temperatura mundial, as MCGs atingem
atualmente a esfera das políticas públicas, gerando interferências na vida dos seres
humanos e mobilizando vários setores na busca de uma mudança de comportamento, visto
que a humanidade desempenha um papel bastante significativo na degradação e na
preservação do meio ambiente. É importante ainda salientar que em se tratando das MCGs,
existe uma distância temporal das consequências mais alarmantes do fenômeno, bem como
da eficácia das ações de mitigação, que tem suas respostas a longo prazo. Torna-se,
portanto, de extrema importância a consideração do futuro, de forma a pensarmos não só
nas mudanças de comportamento refletindo na atualidade, mas em décadas e séculos à
frente. Ao levar em consideração que as crianças de hoje experienciarão as consequências
mais graves do problema, o estudo em questão teve como objetivo investigar como 46
crianças de 7 a 10 anos, de duas escolas particulares natalenses percebem as MCGs e
pensam ações de mitigação para o fenômeno. O estudo adotou uma perspectiva
multimetodológica, que envolveu técnicas combinadas de entrevista semiestruturada,
desenho e grupo focal com as crianças participantes, de modo a proporcionar uma
abordagem lúdica adequada a esse público. A análise dos dados integrou os resultados das
três técnicas, cujo conteúdo possibilitou a criação de eixos temáticos, relacionados aos
referenciais teóricos dos estudos pessoa-ambiente. Os eixos temáticos assim obtidos foram:
local-global, causa-consequência, impacto à vida humana – aos ecossistemas, mitigação –
adaptação e a categoria mudança de estação. Os resultados demonstraram que as crianças
participantes encontraram certa dificuldade em compreender um fenômeno tão complexo
em sua totalidade. No entanto, puderam se expressar a respeito da problemática,
principalmente se os temas tivessem sido tratados previamente no contexto escolar. Essa
constatação, aliada ao compromisso manifestado pelas crianças com medidas de mitigação,
fornece subsídios importantes para o planejamento de projetos de educação ambiental para
este público.