O desemprego de longa duração: aspectos sociodemográficos e vivências do indivíduo desempregado.
desemprego e reemprego; desemprego de longa duração; aspectos subjetivos do desemprego; poder de agir; saúde e adoecimento em contexto laboral.
Este estudo combinou abordagens do perfil sócio-econômico-demográfico de amostra de desempregados de município de Macaíba, na região metropolitana de Natal (RN), e investigação clínica das vivências do desemprego dos indivíduos-participantes. Buscou-se avançar na compreensão da contribuição conjunta de aspectos sociodemográficos e outros relacionados à biografia e vivências subjetivas do indivíduo desempregado para a explicação do desemprego e das dificuldades à saída da condição de desempregado. A pesquisa foi realizada com o apoio de órgão público municipal de assistência social do município supracitado, contando com 180 participantes (27 homens e 153 mulheres), majoritariamente (67%) desempregados há mais de um ano. O estudo foi realizado em duas etapas, abarcando o mapeamento do perfil sociodemográfico (Etapa 1) e levantamento das vivências relacionadas ao desemprego narradas pelos participantes-colaboradores (Etapa 2). Construtos teóricos como vivência e poder de agir ofereceram referenciais de análise centrais para a análise global do desemprego como fenômeno que se insere na biografia pessoal (atravessada de emoções e afetos) e no contexto sócio-histórico-cultural, simultaneamente. A etapa de descrição de aspectos sociodemográficos relacionados à condição de desemprego, com especial ênfase para o desemprego de longa duração, baseou-se na análise de respostas a questionário fechado; as análises clínicas basearam-se em registros audiográficos de entrevistas semiestruturadas com questões abertas sobre as histórias de vida e profissional dos sujeitos. A análise descritiva multidimensional do tipo cluster evidenciou divisão do efetivo em dois clusters (grupos), cujo critério de maior contribuição para a partição foi a crença ou descrença na possibilidade de voltar ao emprego formal, juntamente com outros aspectos sócio-demográficos relevantes. Tal cisão foi retomada e ampliada com análises clínico-qualitativas de participantes oriundos de cada um dos clusters, que mostraram a importância da postura subjetiva interna como fator decisivo para a compreensão do desemprego de longa duração e as dificuldades de retorno ao emprego formal.