TUMORES CEREBELARES NA INFÂNCIA E FUNCIONAMENTO COGNITIVO
meduloblastoma; astrocitoma; funções cognitivas.
O presente trabalho investigou o funcionamento cognitivo de crianças diagnosticadas com Tumores de Fossa Posterior Cerebral acompanhadas por instituições oncológicas no município de Recife/PE. Participaram deste estudo 20 crianças diagnosticadas com tumores de Fossa Posterior Cerebral (FP), especificamente as modalidades histológicas Astrocitoma Pilocíticos e Meduloblastoma, de ambos os sexos, com idades entre 6 e 16 anos que se encontravam fora de tratamento e que foram submetidas ao protocolo terapêutico Parker, para casos de neoplasias malignas, ou cirurgia isolada, para tratamento dos tumores benignos. O protocolo de avaliação neuropsicológica utilizado investigou as seguintes habilidades cognitivas: sistemas atencionais, memória, funções visocontrutivas, visoespaciais e funções executivas. Os dados foram analisados através de medidas descritivas e inferenciais com o auxílio do teste U de Mann-Whitney, considerando-se a influência das variáveis, gênero, idade ao diagnóstico; diagnóstico histológico; presença de hidrocefalia; origem; localização tumoral e grau de escolarização dos pais. Observou-se que os tumores de fossa posterior acarretam impactos significativos sobre o desenvolvimento cognitivo, notadamente no grupo diagnosticado com meduloblastoma. Foram verificadas diferenças significativas entre os desempenhos das crianças com Astrocitoma Pilocítico e Meduloblastoma nas funções: atenção seletiva (p= 0,003) e alternada (p=0,04); memória tardia (p=0,026) e visoespacialidade (p=0,009). Em relação à variável sexo, as meninas apresentaram desempenho superior aos meninos em itens que avaliaram a memória imediata verbal (p=0,026). Em relação a localização tumoral, observaram-se diferenças estatisticamente significativas no âmbito da memória verbal (p=0,042) entre as instâncias Hemisférios cerebelares e Vérmis, em favor das crianças com tumores localizados nos hemisférios cerebelares. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em função das variáveis tempo decorrido desde o diagnóstico; idade da criança no momento do diagnóstico, hidrocefalia, origem, escolaridade dos pais. Estes resultados indicam o impacto cognitivo negativo decorrente da administração de terapias anti-neoplásicas adjuvantes, com destaque para a radioterapia. A busca de tratamentos menos tóxicos e a investigação neuropsicológica deve ser rotina nos centros de tratamento de crianças com tumores cerebrais, de modo a proporcionar maior conhecimento acerca do fenômeno, bem como subsídios para desenvolvimento de estratégias que minimizem os déficits cognitivos comumente encontrados e promovam uma melhor qualidade de vida após tratamento para o câncer.