Ambiente sócio físico e crianças com Transtorno do Espectro Autista em contexto de pandemia: uma reflexão sobre lives do Youtube
Autismo; TEA; Ambiente sócio físico; Contexto de pandemia; Psicologia ambiental.
Enfrentar a Pandemia da COVID-19 exigiu isolamento social e induziu mudanças no uso da habitação, fazendo com que questões sobre o ambiente residencial passassem a ser amplamente debatidas, inclusive nas mídias sociais. Nesse campo se popularizaram as lives veiculadas na internet, tornando-se um canal de comunicação entre profissionais e variados públicos. Partindo desse contexto, esta dissertação tomou como objeto de estudo o ambiente sócio físico para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – transtorno do neurodesenvolvimento com manifestações que abrangem um amplo espectro de possibilidades, cujasespecificidades precisam ser entendidas (e trabalhadas) a fim da pessoa em questão desenvolver habilidades e obter bem-estar. Pautada em uma compreensão do autismo a partir das Práticas Baseadas em Evidências (PBEs), a investigação realizada teve como objetivo geral compreender estratégias para ajuste do ambiente sócio físico às crianças autistas durante a pandemia que foram veiculadas por lives disponibilizadas no YouTube. Foram objetivos específicos: (a) identificar as características do ambiente físico difundidas como adequadas às crianças autistas; (b) entenderas estratégias recomendadas como adequadas às atividades com estas crianças e que exigem especificidades ambientais; (c) analisar as dificuldades apontadas neste campo. O estudo apoiou-se teoricamente na Psicologia Ambiental e recorreu à estratégia metodológica qualitativa com: (1) levantamento de lives sobre autismo disponibilizadas no YouTube entre março e agosto de 2020; (2) seleção daquelas que discutem a relação criança autista/ambiente; (3) escolha de cinco lives para análise aprofundada. Os resultados mostram que diversos conceitos provenientes da Psicologia Ambiental podem ajudar a compreender comportamentos de pessoas com TEA, notadamente comportamento socioespacial, affordances e behavior settings. Sob tal perspectiva, as lives indicaram diversos tipos de ajustes ambientais utilizáveis com pessoas com TEA, salientando táticas para minimizar barreiras comunicacionais e sensoriais, e facilitar a manutenção/desenvolvimento de suas habilidades e autonomia.